Um jogo, 50 minutos, o ponto alto de um novo ciclo. Pela terceira vez na história, a Liga Europeia de hóquei em patins teve na final duas equipas portuguesas – curiosamente, de novo em território nacional, neste caso concreto o Pavilhão João Rocha após o Dragão e a Luz. Em paralelo, este era aquele jogo que teria um significado muito maior do que a simples conquista de mais um troféu para quem ganhasse, até pelo longo período de jejum de vitórias do Sporting e do FC Porto nesta prova.

No caso dos leões, e depois da conquista do Campeonato no ano passado que quebrou um período de três décadas sem títulos na principal competição nacional, um triunfo seria o último degrau num trajeto de sucesso iniciado por Paulo Freitas ainda com a época de 2016/17 a decorrer, quando o espanhol Guillem Pérez foi dispensado em março menos de um ano após a contratação: com o português, um desejo antigo dos responsáveis verde e brancos, o Sporting reentrou na luta pela discussão do título e voltou à Final Four da Liga Europeia, ficando nas meias-finais em 2018 e alcançando agora o jogo decisivo numa temporada sempre simbólica nas modalidades do clube com a primeira conquista de sempre da Champions pelo futsal.

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No lado dos dragões, mesmo com apenas um Campeonato nos três primeiros anos de Guillem Cabestany (além de Taças de Portugal e Supertaças, acrescente-se), esta segunda final consecutiva depois da derrota no Dragão na última temporada frente ao Barcelona significava a possibilidade de mostrar o porquê da contínua aposta no técnico espanhol que chegou do Breganze após destacar-se no Vendrell, sobretudo numa época em que tudo aponta para que os azuis e brancos possam reconquistar o título de campeões nacionais e que seja a última de algumas figuras da equipa como o capitão Hélder Nunes, há muito apontado como reforço do Barcelona na próxima época (e não será o único a sair no final da temporada).

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Ao quinto clássico da temporada, com duas vitórias para cada equipa, o Sporting repetiu o resultado da última semana na Taça de Portugal e conseguiu vencer o FC Porto por 5-2, voltando a sagrar-se campeão europeu 42 anos depois do triunfo do Cinco Maravilha (Ramalhete, Rendeiro, Sobrinho, Chana e Livramento) com o Vilanova. Em contrapartida, os azuis e brancos averbaram a décima final perdida desde 1997 – seis com o Barcelona, as outras com Igualada, Follonica, Benfica e Sporting).

Com um início a ser marcado pelos cuidados na organização defensiva que nunca deram grandes hipóteses para muitas saídas em transição (que, quando aconteciam, levavam sempre perigo, como aconteceu aos quatro minutos com Rafa), foi preciso haver um lance individual de génio para inaugurar o marcador, quando Toni Pérez, a passar por trás da baliza e a aproveitar uma ligeira distância de Reinaldo Garcia na marcação, colocou em jeito por entre as pernas a enganar Nelson Filipe, titular esta tarde na baliza dos dragões em vez de Carles Grau (6′). Os leões estavam na frente mas essa vantagem durou menos de dois minutos, com Reinaldo Garcia a disparar um tiro de meia distância sem hipóteses para Girão e a fazer o 1-1 (8′).

Tudo voltava à estaca zero no resultado, no jogo e na própria disposição das equipas em campo até que um período menos conseguido por parte do FC Porto abriu espaço para o Sporting ganhar uma vantagem de dois golos. Na sequência de um remate de Gonçalo Alves à meia volta travado por Girão mais pela colocação do que propriamente pela reação ao disparo de surpresa do internacional que passou por Alvalade quando o clube estava ainda nos escalões secundários, os leões saíram rápido e Ferrant Font assistiu Vítor Hugo, antigo avançado dos dragões, para o 2-1 à boca da baliza (10′). No minuto seguinte, após uma falta sobre Romero na área, Raúl Marin ainda falhou um penálti mas, no mesmo minuto, Telmo Pinto viu azul por falta sobre Vítor Hugo (muito protestada pelo banco portista) e Font, na recarga do livre direto, aumentou para 3-1 (12′).

Havia mais Sporting, sempre com capacidade para conseguir criar perigo junto da baliza de Nelson Filipe enquanto ia travando o habitual jogo ofensivo dos dragões em velocidade, e ainda antes do intervalo as contas ficaram mais complicadas para o FC Porto: depois de um golo anulado a Pedro Gil, aparentemente por falta de um jogador leonino num bloqueio antes do remate do espanhol, Romero conseguiu sair em mais uma transição rápida na jogada seguinte e fez o 4-1 que se registava no descanso.

No segundo tempo, com o conjunto de Cabestany a subir as linhas defensivas, e a arriscar tudo para reduzir a desvantagem e voltar à discussão da final, o FC Porto acabou por desperdiçar duas oportunidades flagrantes por Hélder Nunes para inverter o rumo da partida: primeiro num livre direto após cartão azul a Raúl Marin (sendo que nem em power play os dragões marcaram), depois em mais uma bola parada a punir a décima falta dos leões (27′ e 31′). Ferrant Font desperdiçou também um livre direto depois da décima falta dos portistas, antes de uma fase mais quezilenta da partida onde Pedro Gil chegou a atingir na cabeça Telmo Pinto quando o jogo estava parado, o que motivou alguma confusão no rinque e nos bancos.

Gonçalo Alves, com um remate de ângulo impossível a passar junto à cabeça de Ângelo Girão, reduziu a dez minutos do final para 4-2 e relançou de novo as contas – e bastava pensar que, na véspera, os leões estiveram a ganhar por três golos ao Benfica na meia-final antes de consentirem o empate a cinco minutos do final. No entanto, depois de algumas intervenções decisivas do guarda-redes leonino, Ferrant Font apontou o 5-2 num remate cruzado de meia distância (42′) antes de mais um lance a motivar muitos protestos dos portistas, com Toni Pérez a acertar com o stick na cara de Gonçalo Alves quando tentava passar por um bloqueio e sofreu um toque. Já dentro dos últimos cinco minutos, Font e Gonçalo Alves voltaram a falhar livres diretos depois da 15.ª falta averbada por ambas as equipas mas o resultado já estava feito e o Sporting iria mesmo fazer a festa “em casa”.