Três dezenas de especialistas nacionais e estrangeiros, entre poetas, professores e gestores culturais, reúnem-se quinta-feira e sexta-feira na Gulbenkian, em Lisboa, para discutir e estudar a obra de Sophia de Mello Breyner Andresen, no âmbito do seu centenário.
São 35 os intervenientes, diversas personalidades com ligações ao mundo da literatura e das artes, que vão participar no segundo Colóquio Internacional Sophia de Mello Breyner Andresen, organizado pelo Centro Nacional de Cultura, em parceria com a Fundação Calouste Gulbenkian.
O encontro – um “momento privilegiado para o estudo e debate de uma obra essencial da literatura moderna portuguesa”, como descreve a Gulbenkian – será composto por duas dezenas de intervenções (distribuídas por quatro painéis) e quatro mesas-redondas, dedicadas aos temas “O Espaço”, “Os Outros Poetas”, “A Política” e “Arte e Poética”, em que intervêm Ana Luísa Amaral, Frederico Lourenço, Maria Filomena Molder e Richard Zenith, entre outros.
A poeta Adília Lopes abre o primeiro painel com uma intervenção intitulada “Adília sobre Sophia”, na qual demonstra o seu reconhecimento para com a homenageada, graças a quem diz ter descoberto o poema, com apenas 17 anos, quando leu “No poema”, da obra “Livro sexto”.
“O mundo do poema é limpo e rigoroso. Nada de coisas farfalhudas, nada de aldrabices. Como estudava física, vi também que o poema desentropia [o oposto de entropia, que em física é a medida da desordem de um sistema]. Preserva da decadência, morte, ruína”, descreve Adília Lopes.
Neste primeiro painel, falará também Helder Macedo, professor catedrático da Universidade de Londres e investigador da Universidade de Oxford, autor de vasta obra poética, de ficção e critica literária, que se vai debruçar sobre o “conto para crianças” intitulado “O Rapaz de Bronze”, e como este ganha uma dimensão maior quando relacionado com a poesia da autora, tanto em termos de critica social como de nostalgia adulta por uma totalidade perdida.
Segue-se “O caminho para minha casa”, em que Helmut Siepmann abordará dois aspetos centrais da obra de Sophia – o mar e o nascer do poema -, e “Poesia e realidade: a prosa de Sophia de Mello Breyner Andresen”, por Carlos Mendes de Sousa.
Este painel conta ainda com uma intervenção de Silvana Rodrigues Lopes sobre o breve, o preciso e o indefinido na composição de poemas de Sophia, e será moderado pelo poeta brasileiro Eucanãa Ferraz.
Antes disso, a sessão de abertura do congresso estará a cargo de Guilherme d’Oliveira Martins, Maria Andresen de Sousa Tavares (filha de Sophia), Fernando Cabral Martins e o ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva.
Da parte da tarde, o professor de literatura e ensaísta Pedro Eiras aborda os “encantamentos” nos trabalhos literários de Sophia e de Cristina Campo, e a possível relação entre eles, enquanto Anna Klobucka, especialista em literatura portuguesa e estudos de género, expõe as suas ideias sobre “Sophia e os cem anos da poesia de autoria feminina em Portugal”.
Cláudia Pazos-Alonso propõe-se pensar a questão da autoria feminina em Sophia, Paola Poma vai tentar uma aproximação da poesia de Sophia de Mello Breyner à de Wislawa Szymborska, poeta polaca, Nobel da Literatura, e Maria Lúcia Dal Farra refletirá sobre a questão da designação a dar a Sophia: poeta ou poetisa?
No segundo dia de colóquio, José Pedro Serra debruça-se sobre “A Grécia: Nudez e Revelação Poética”, isto numa altura em que a Assírio & Alvim reedita o ensaio de Sophia de Mello Breyner Andresen “O Nu na Antiguidade Clássica”, obra há muito esgotada, acompanhado de uma seleção de poemas que Sophia escreveu sobre Grécia e Roma.
Joana Matos Frias, Jorge Fernandes da Silveira e Fernando J.B. Martinho completam este painel sobre Sophia e a sua obra, relacionando-as com Brasília, com a Dinamarca e com Inglaterra.
“Mário Cesariny leitor de Sophia de Mello Breyner Andresen” é a proposta que Perfecto Cuadrado apresenta no painel da tarde, em que participam também Emília Pinto de Almeida, Pedro Lopes de Almeida, Sofia Sousa Silva e Gustavo Rubim, com temas tão diversos como a leitura do diáfano em Sophia, a sua geografia (paisagem, viagem e deslocamento) ou o uso do termo “projecto” na sua obra.
O encerramento dos trabalhos cabe a Maria Andresen de Sousa Tavares, Maria Calado, Guilherme d’Oliveira Martins e Graça Fonseca, ministra da Cultura.