Joe Berardo foi uma das pessoas de quem José Sócrates se serviu para dominar a banca, como queria fazer com os jornais, defende o empresário Patrick Monteiro de Barros, em entrevista ao Jornal Económico publicada esta sexta-feira. “Eu nunca consegui comprar ações financiadas com uma taxa de cobertura de 100%”, ironiza.

O empresário critica o alarido causado pela audição de Berardo na comissão parlamentar de inquérito, pese embora ser “discutível o estilo de Berardo e a forma como fala português”. Mas a “história toda — e posso dizer que sei porque abordaram-me na altura — foi uma estratégia de José Sócrates, que queria dominar as mídias [os órgãos de comunicação social] e a banca”. “Quem não se lembra da saga que foi a venda da Lusomundo”, recorda Patrick Monteiro de Barros.

Na leitura que o empresário faz do que aconteceu na Caixa, concretamente nos financiamentos para investir em ações do BCP, “o governo sempre dominou a Caixa, onde estava o Carlos Santos Ferreira, muito próximo do PS, mas Santos Ferreira era um técnico, uma pessoa que sabia, e Armando Vara, cujo currículo político é notório”. Então, defende, “foram ter com um grupo de pessoas — com algum peso, alguma, como se diz, surface — e Joe Berardo foi uma dessas pessoas”.

“Disseram-lhe: vamos financiá-lo para o senhor comprar ações do BCP, a 100%, sem garantias pessoais; se houver mais-valias é tudo seu; a gente só quer a procuração para as assembleias-gerais”, acredita Monteiro da Barros. “Foi assim o assalto ao BCP. Resultado: quem é que foi para o BCP?”, pergunta. Resposta: Carlos Santos Ferreira e Armando Vara.

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Depois, “a partir do momento em que o Governo domina a Caixa, que é o banco do Estado, e também o BCP, que era o maior banco privado, eu acho que as coisas estão feitas”. É uma estratégia “clara como água”, diz Patrick Monteiro de Barros.

Joe Berardo. Desde a audição na AR que sou “o bode expiatório” de tudo que correu mal