A Organização de Consumidores e Utentes (OCU), de Espanha, considera que dois produtos que prometem fator de proteção solar 50 (muito elevado) garantem, na verdade, uma proteção menor. E pede que sejam retirados do mercado. Na análise que fez a 17 produtos para crianças — em conjunto com a DECO e outras congéneres europeias —, a entidade privada que defende os consumidores espanhóis entende que o creme Isdin Fotoprotector Pediatrics Transparent Spray SPF 50+ só tem fator 15, e que o Babaria Infantil Spray SPF 50+ deveria ter um rótulo com fator 30.

Em Portugal, a DECO não encontrou o spray da Babaria no mercado; mas, no caso da Isdin, enviou o protetor solar para laboratórios independentes — os mesmos que analisaram os produtos espanhóis — para confirmar se são os mesmos lotes. A associação de defesa dos consumidores aguarda os segundos resultados, que deverão chegar ainda esta semana. As primeiras amostras já foram enviadas ao Infarmed, que regula o mercado dos medicamentos.

Num comunicado divulgado à imprensa, a Isdin contesta, garantindo que o fator de proteção solar UVB (SPF) e a proteção UVA (UVA-PF) anunciados em todos os produtos “correspondem, em absoluto, aos resultados publicados em estudos realizados por entidades certificadas, especializadas e independentes”.

Na nota enviada por email, a empresa faz ainda saber que a OCU “não forneceu uma cópia do estudo no qual, supostamente, foram identificados um SPF e um UVA-PF menores do que o indicado na rotulagem do produto, pelo que a Isdin não teve oportunidade de verificar, nem a metodologia, nem a execução, nem a coerência dos resultados deste estudo“.

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Antes, em declarações ao Observador, a DECO explicava que já houve um encontro, para contraditório, com responsáveis da Isdin em Portugal. Segundo Rita Rodrigues, responsável da DECO, a empresa deu justificações para as discrepâncias, alegando que pode haver diferenças de metodologia na forma como aplica a norma ISO (norma de gestão de qualidade).

Já a Babaria garante que tem estudos que comprovam não haver nada de errado com o produto. Bruno Simões, responsável da empresa em Portugal, assegura ao Observador que as especificações que constam dos rótulos estão corretas.

O jornal El Mundo diz que a Organização de Consumidores e Utentes já enviou os resultados para a Agência Espanhola de Medicamentos (o equivalente ao Infarmed), pedindo não só que faça os testes necessários, mas que avance mesmo para a retirada dos dois protetores solares, pelo risco que podem significar para os consumidores.

(artigo atualizado às 18h30 com comunicado de imprensa da marca Isdin)