Após o anúncio feito esta quinta-feira pela ministra da saúde, Marta Temido, durante o debate no Parlamento, ao ser questionada pelo PSD e pelo CDS sobre a situação da ala pediátrica do Hospital de São João, as crianças com doença oncológica tratadas nesta unidade passam na tarde desta sexta-feira para o piso 1 do edifício central, deixando de estar em contentores.
“Este novo serviço vai permitir melhorar muito as condições hoteleiras que temos para oferecer às crianças e aos pais. É composto por 8 quartos individuais, com casa de banho privativa e pressão positiva, o que significa uma melhoraria da qualidade e segurança. Deixa de ser necessário o transporte destas crianças entre o edifício exterior e o principal”, sublinha Filomena Cardoso, enfermeira diretora e elemento do conselho de Administração do hospital.
A enfermeira adianta que o S. João estima receber “cerca de 400 internamento por ano”, e garante que os contentores de pediatria desaparecem no dia 30 de junho, ficando apenas no exterior uma área de alvenaria, com uma lotação para 24 crianças. “Tudo o que são contentores deixarão de existir.”
Nesta nova ala de oncologia pediátrica estarão oito médicos, 13 enfermeiros, seis assistentes operacionais e uma educadora de infância, além de psicólogos e nutricionistas. Sobre a nova ala pediátrica, a enfermeira diretora afirma que “o cronograma está a ser cumprido” e acredita “estar em condições de lançar o concurso ainda este ano”.
“Se houver vontade, a obra começa”
Jorge Pires, presidente da associação de pais com doença oncológica tratadas no Hospital de S. João, não foi convidado para esta visita ao novo internamento do serviço de oncologia pediátrica, uma decisão justificada pela enfermeira diretora. “Esta é uma visita reservada apenas à comunicação social”, disse aos jornalistas, acrescentando que mais tarde haverá uma inauguração.
Cá fora, Jorge Pires disse que o novo serviço é uma boa notícia. “É fruto da nossa luta e da nossa guerra durante este ano. É uma boa notícia para as crianças que deixam estes transportes miseráveis e deixam de correr riscos de vida”, afirmou ao Observador.
No entanto, o presidente da associação de pais garante não esquecer o objetivo final, a construção do edifício da nova ala pediátrica no S. João. Não podemos esquecer que a construção da ala pediátrica não acaba aqui. O edifício tem de ser construído, não pode ser esquecido”, sublinhou.
Sobre a obra, Jorge Pires afirmou que a meio de junho termina o prazo de revisão do projeto e que, por isso, “a partir daí não há nada que impeça o ajuste direto”. “Estamos aqui à espera que chegue dia 15 para interpelar quais são os próximos passos para a obra avançar o quanto antes. Não é dizer que vai começar depois das eleições, é dizer que vai começar antes das eleições, porque há tempo para fazer isso. Se eles quiserem, há vontade. Se houver vontade a obra começa, temos que acreditar que vai ser possível logo a seguir ao verão.”
O Governo já disse que as obras da nova ala serão lançadas entre o final do ano e o início de 2020 e concluídas em 2021.