O caso dos oito polícias condenados por sequestro e agressões a moradores da Cova da Moura foi o mote que levou à criação do “Movimento Zero”, um grupo de protesto criado por elementos da Polícia de Segurança Pública (PSP) contra a falta de apoio da PSP e do Ministério da Administração Interna. Resultado: mais de cinco polícias, diz o Correio da Manhã, aderiram ao grupo e pretendem não autuar as infrações de trânsito e apenas intervir nos bairros problemáticos só em situações de extrema gravidade.
O Movimento Zero nasceu na esquadra de Odivelas e o seu rápido crescimento foi conseguido com a troca de mensagens na app Telegram. O grupo chegou a enviar uma carta aberta ao Presidente da República onde refere que os cinco mi polícias estão “desmotivados e crentes que a integridade institucional está cada vez mais desacreditada”, acrescentando que a primeira medida é precisamente o desempenho de funções “com proatividade nula”, ou seja, fazer apenas o indispensável.
Além do caso da Cova da Moura, as declarações feitas por Manuel Morais, ex-vice presidente da Associação Sindical dos Profissionais da PSP, sobre a existência de racismo na PSP vieram também incentivar a criação do grupo, que garante ser independente de qualquer sindicato. O Movimento Zero pediu aos agentes que assumissem uma postura “educativa” nas fiscalizações rodoviárias e a estabelecimentos, evitando o patrulhamento de bairros problemáticos e pedindo mesmo que não entrem sozinhos nesses locais.
Carlos Torres, presidente do Sindicato Independente de Agentes da Polícia, disse “apoiar a iniciativa, apesar de ser extrassindical”. “Não temos quem nos defenda”, referiu, citado pelo CM. Já a Direção Nacional da PSP disse não conhecer este movimento e que não notou qualquer diminuição na atividade operacional. “A PSP desconhece qualquer alegado movimento zero, e o que sabe é pela comunicação social”, referiu a direção.