Amanda Knox voltou a Itália para participar no Festival de Justiça Criminal em Modena. É a primeira vez que Amanda Knox viaja até território italiano desde que, há doze anos, foi acusada de ter morto a colega com quem ela e o namorado partilhavam casa em Perúgia. Já em liberdade e ilibada do crime de homicídio, Amanda Knox confessou que sentiu medo de ser atacada quando chegasse a Itália.

“Hoje temo ser assediada, ridicularizada e incriminada. E temo que novas acusações possam ser feitas”, disse ela, segundo a BBC, durante a conferência, antes de sublinhar que não tinha tido qualquer intervenção no assassinato da colega de casa. E prosseguiu: “Era impossível ter um julgamento justo. A opinião pública não é responsável perante ninguém, não há regras. Só 0 sensacionalismo ganha. No tribunal da opinião pública, não se é um ser humano, mas um bem de consumo”.

Amanda Knox vai voltar a Itália para falar sobre o seu caso num seminário

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Em 2007, Meredith Kercher, uma estudante britânica de línguas, foi encontrada morta na casa onde vivia em Perúgia. Estava sem roupa, apresentava sinais de ter sido degolada, ferimentos em várias partes do corpo e havia evidências de abuso sexual. A colega de casa Amanda Knox e o namorado, Raffaele Sollecito, tornaram-se os principais suspeitos. Na tese inicial das autoridades, os três tinham-se envolvido em jogos sexuais que, de tão violentos, acabaram na morte de Meredith Kercher.

Amanda Knox e o namorado foram detidos, suspeitos dos crimes de arrombamento do apartamento, abuso sexual, homicídio e difamação. Os dois foram condenados, absolvidos, novamente condenados e finalmente absolvidos de uma pena que chegou a ser fixada em 26 anos de cadeia. Cumpriram quatro. Depois disso, outro homem, Rudy Guede, foi preso pelos crimes anteriormente apontados a Amanda Knox e Raffaele Sollecito, após terem sido encontradas impressões digitais dele no local do crime.

Já este ano, o Tribunal Europeu dos Direitos do Homem condenou a Itália a pagar 18.400 euros por ter violado os direitos de defesa da jovem norte-americana durante os interrogatórios sobre o assassinato da sua companheira de casa — 10.400 euros pela falta de assistência jurídica prestada e tradutor e outros 8 mil por custos e despesas.

Agora, Amanda Knox aceitou ir até Itália para participar num seminário na cidade de Modena criado na Universidade de Roma — o “The Italy Innocence Project”, e que visa precisamente tratar de casos injustamente condenados. “Sinto-me honrada em aceitar este convite para falar aos italianos neste evento histórico e regressar a Itália pela primeira vez”, afirmou a agora comentadora de 31 anos quando aceitou o convite da universidade.