A televisão estatal iraniana divulgou imagens do que apresentou como os destroços do avião não tripulado (‘drone’) da Marinha dos Estados Unidos abatido na véspera pelo Irão.

O canal IRIB 1 apresentou uma curta sequência com um jornalista interrogando o general Amirali Hajizadeh, comandante do ramo aeroespacial dos Guardiães da Revolução, que disse que o Irão alertou várias vezes o avião não tripulado de vigilância norte-americano antes de lançar um míssil contra ele.

“Infelizmente, como não responderam (…) e não se desviaram da sua trajetória (…) fomos obrigados a abatê-lo”, adiantou Hajizadeh.

O general, que falava diante de destroços alinhados por terra ou em expositores, adiantou que outras partes do ‘drone’ se tinham afundado.

“Os destroços flutuavam, recuperamo-los à superfície nas nossas águas territoriais”, declarou o general.

Segundo a televisão, as imagens foram filmadas numa “base” dos Guardiães da Revolução, tropa de elite da República Islâmica, cuja localização não foi precisada.

Washington afirma que o ‘drone’ foi abatido no espaço aéreo internacional e, segundo alguns media norte-americanos, os Estados Unidos prepararam um ataque militar contra o Irão em retaliação, operação que foi cancelada repentinamente a algumas horas de começar.

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Os Negócios Estrangeiros iranianos voltaram hoje à carga indicando dispor de “provas irrefutáveis” de que o ‘drone’ Global Hawk violou espaço aéreo iraniano.

Numa chamada telefónica “de emergência”, o vice-chefe da diplomacia, Abbas Araghchi, passou uma mensagem a Washington através do embaixador da Suíça em Teerão, que representa os interesses norte-americanos no país devido à ausência de relações diplomáticas entre Teerão e Washington desde 1980.

O Irão “não procura a guerra”, mas defenderá “resolutamente o seu território contra qualquer agressão”, disse Araghchi segundo um comunicado.

Na quinta-feira, o ministro dos Negócios Estrangeiros do Irão, Mohammad Javad Zarif, disse que Teerão pretende levar o caso do ‘drone’ “perante a ONU” para demonstrar que “os Estados Unidos mentem” e que Washington atacou a República Islâmica, dado que o avião se encontrava no espaço aéreo iraniano.

O incidente ocorreu num contexto de crescente tensão entre os dois países e depois de, na passada quinta-feira, dois petroleiros, um norueguês e um japonês, terem sido alvo de ataques no estreito de Ormuz, área considerada como vital para o tráfego mundial de petróleo.

Mostra o sério risco de conflito entre os Estados Unidos e o Irão, cuja escalada tem aumentado a preocupação de que cada um dos lados possa fazer um erro de cálculo que leve à guerra.