Na ilha de Sommaroy, uma vila piscatória no noroeste da Noruega, entre 18 de maio e 26 de julho o sol nunca se põe. São 60 dias seguidos de luz do dia, o que torna difícil aos habitantes distinguir o dia da noite. O mesmo acontece ao contrário, no inverno, havendo um período do ano onde é rara a luz do dia. A perceção do tempo é, por isso, diferente do habitual naquela ilha do município de Tromso com areias brancas e paisagens atrativas a turistas.
Daí que não seja de estranhar que, entre os cerca de 300 residentes da ilha, de acordo com o jornal Independent, tenha surgido uma campanha intitulada “Time-Free Zone” (Zona Sem Tempo), que prevê isso mesmo: tornar Sommaroy a primeira zona do mundo que não é regida pelas regras concertadas do tempo. A ideia é pôr os residentes a “fazer o que querem, quando querem” num regime de “flexibilidade total”.
Residents of the Norwegian island Sommarøy, where the sun doesn't set for 60 days between May and July, are campaigning to abolish traditional notions of time during the summer months. (Image: Maeva et Florent Paitrault) pic.twitter.com/X0KNpIOVRo
— Quite Interesting (@qikipedia) June 21, 2019
Segundo Kjell Ove Hveding, que encabeça o movimento, muita gente em todo o mundo sofre de “stress e depressão” por “se sentir presa numa rotina, onde o tempo (o relógio), assume uma grande importância”. A ideia é, por isso, eliminar esse fator da equação. “Seremos uma zona sem tempo, onde cada um poderá viver a vida na sua plenitude”, acrescentou em declarações ao meio de comunicação social norueguês NRK, citadas pelo Independent.
“Os mais novos vão continuar a ir à escola e os mais velhos vão continuar a trabalhar, mas há espaço para flexibilidade. Não é preciso colocá-los numa caixa sob a forma de horário escolar ou horário de trabalho”, defende o promotor do movimento. Na prática, trata-se apenas de uma formalização daquilo que já acontece, na medida em que naquela ilha, onde metade do ano é noite e metade é dia, a noção de tempo é diferente da noção habitual.
Ou seja, hoje em dia, os residentes de Sommaroy já agem em função do dia e da noite, logo, têm a sua própria definição de tempo. Por vezes, diz, há crianças a jogar futebol na rua às “duas da manhã” ou pessoas a cortar a relva das suas casas a essa hora. A campanha ganhou novo fôlego depois de Hveding ter levado uma petição ao deputado local em junho, para que o assunto fosse discutido nos fóruns próprios. Desde então, outras cidades do norte da Noruega, como Finnmark ou Nordland, têm mostrado apoio à ideia.