O Ministério Público está a investigar uma suspeita de burla com vistos gold. Um conjunto de investidores chineses dizem que pensavam estar a comprar lojas, quando, na verdade, estavam a comprar armazéns em Benavente, avança o jornal Público. Muitos dos investidores acabaram por investir 500 mil euros para obter o visto gold, mas nunca viram ser aprovada a autorização de residência.
Sob investigação está a empresa POAO, que tem um megacentro comercial chinês no Porto Alto, no concelho de Benavente, no qual, em 2016 foi anunciado um investimento de 40 milhões de euros. Em causa, estão mais de 50 famílias que investiram em negócios com esta empresa para conseguir os vistos gold, o documento que dá autorização de residência para empresários de fora da União Europeia que invistam em Portugal. No caso desta empresa, o montante total de investimento em vistos gold junto supera os 20 milhões de euros.
As queixas feitas pelas famílias contra a POAO foram entregues ao Ministério Público e à PSP e dizem que o contrato chinês referia lojas, enquanto a versão portuguesa falava em armazéns.
”O investimento que nos foi apresentado foi de risco zero. Ou seja, comprávamos as lojas que afinal eram armazéns por 551 mil euros e tínhamos os vistos gold, ao mesmo tempo recebíamos rendas e ao fim de cinco anos podíamos revender ao promotor pelo preço de compra”, explicou ao Público uma das queixosas, Jin Wenjun.
Aliás, a investidora conta que pensava estar a comprar ”duas lojas num conceituado centro comercial, perto de Lisboa por mais de 551 mil euros” e não dois armazéns.
O escritório de advogados da sociedade POAO, Rui Cunha, Glória & Associados, explicou ao Público que não quer ”tecer quaisquer comentados (…) não podendo, de alguma forma, prestar os esclarecimentos solicitados”.