Pais, alunos e escolas de cerca de 19 Estados norte-americanos queixaram-se nos últimos meses do programa de ensino pensado pelo fundador do Facebook e que ganhou o nome de Summit Learning, noticia o El País. O programa — criado por uma fundação de Mark Zuckerberg — tentou impor um novo modelo de aulas, que passou por oferecer computadores a escolas e lecionar o programa escolar de forma personalizada para aluno. Mas muito falhou. Em dezembro de 2018, poucos meses depois de ter sido implementado, aquele que parecia o modelo de ensino do futuro foi cancelado em várias escolas.

Os pais dos alunos queixavam-se que os filhos passavam horas em sites como YouTube e Facebook, em vez de prestarem atenção às aulas. Mas o desagrado não ficou só do lado dos encarregados de educação: inicialmente contentes, os alunos também acabaram por protestar o Summit. Relatam que, com o projeto financiando por Zuckerberg e pela sua mulher, o programa escolar deixou de ser lecionado e a interação com o professor terminou.

A preocupação dos pais agravou-se ainda mais quando foi descoberto que o sistema estava a recolher informação pessoal dos alunos. Ao mesmo tempo, era permitido o acesso a conteúdos impróprios para a idade dos estudantes.

“Estamos profundamente comprometidos com a privacidade”, garante, no entanto, Catherine Madden, porta-voz do Summit Learning. “As informações dos alunos não são vendidas e só são utilizadas para propósitos educativos — sem exceções”, acrescenta.

Numa escola de Brooklyn, Nova Iorque, vários alunos fizeram um protesto em novembro contra o programa. “O Summit Learning requer demasiadas horas das aulas sentados em frente ao computador e elimina grande parte da interação humana”, escreveram os alunos ao fundador do Facebook. Também no Kansas pais e alunos fizeram protestos. E uma universidade do Indiana mostrou mesmo, num estudo, que 70% dos alunos rejeita o programa.

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O Summit funciona atualmente em 380 escolas norte-americanas e é utilizado por 72.000 alunos. Catherine Madden desvaloriza as críticas ao programa. “Só em poucos escolas houve protestos”, defende. A porta-voz garante ainda que o conteúdo considerado “impróprio” foi removido do projeto de ensino.

Esta tecnologia é apenas uma ferramenta e os estudantes não deveriam passar muito tempo em frente ao ecrã. Se o fazem, é porque o sistema não está bem implementado”, defende Madden.

O Summit Learning foi desenvolvido pela Chan Zuckerberg Initiative, a fundação que o “pai” do Facebook tem em conjunto com a sua mulher: a pediatra Priscilla Chan.