O PSD quer ir mais longe na responsabilização dos antigos gestores da Caixa Geral de Depósitos, em particular da gestão entre 2007 e 2008, no Governo de José Sócrates que coincidiu sobretudo com o mandato da administração liderada por Carlos Santos Ferreira, e da qual fizeram parte Armando Vara, mas também Celeste Cardona. Mas também aponta ao antigo governador do Banco de Portugal, Vítor Constâncio, que “falhou grosseiramente por omissão e ação”e aos ex-ministros da Economia de José Sócrates, Manuel Pinho e Vieira da Silva (atual ministro da Segurança Social), por terem alegadamente defendido propostas concretas de crédito, “ultrapassando o papel de acionista” Estado.

Para o deputado Duarte Pacheco, os trabalhos da comissão de inquérito à Caixa Geral de Depósitos permitiram sustentar a existência de “operações ruinosas concentradas nos anos de 2005 e 2008” que evidenciam uma “gestão danosa”, na medida em que foram aprovadas sem racionalidade económica e contra (algumas delas) os pareceres da direção de risco. Esta é uma das propostas de alteração às conclusões do relatório proposto pelo deputado CDS, João Almeida, esta segunda-feira.

Duarte Pacheco considerou ainda que dizer, como fez o relatório proposto pelo CDS,  “que a gestão não foi sã nem prudente é pouco, muito pouco”, quando se sabe que o banco público é o que concentra o maior número de devedores incumpridores, de acordo com a leitura feita do relatório do Banco de Portugal conhecido esta quarta-feira.

Os social-democratas vão mais longe nas responsabilização política e dos gestores, defendendo que não se deve ter medo das palavras, nem dos nomes. As alterações propostas pelo PSD referem explicitamente o mandato de Carlos Santos Ferreira, e ainda que Duarte Pacheco admita incluir no rol dos responsáveis Celeste Cardona, a ex-dirigente do CDS, como quer o PS, também deixa claro que do seu ponto de vista que não são todos iguais.

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“Não nos repugna porque participaram nas reuniões onde estes créditos foram aprovados. Agora há provas concretas de que uns foram cúmplices e outros foram agentes do processo. E não podemos pôr todos no mesmo saco. Há uma administração onde se concentram as operações ruinosas. Havia lá outros administradores, podem ser referenciados. mas não são todos iguais. Uns pecaram por ação, outros por omissão”.

Duarte Pacheco admitiu, nesta conferência de imprensa, que nem todas as propostas do PSD vão ser recebidas com foto favorável por parte dos outros partidos, mas desvalorizou esse impacto, sublinhando que haverá muitas conclusões que serão aprovadas por todos.

Questionado ainda sobre se o papel da crise económica e financeira nas perdas de créditos deve ser valorizado, como defendem os socialistas, o deputado do PSD admite que a crise terá o seu papel, mas que incluí-la nas conclusões seria “uma tentativa de branqueamento”. Sobretudo nos casos em que administração avançou com operações, apesar dos avisos da direção de riscos. Nestes casos, passa a ter a responsabilidade, concluiu.