Um tiroteio num parque que era palco de um festival de comida no norte da Califórnia, a sul de São Francisco, nos Estados Unidos, causou no domingo pelo menos três vítimas mortais e 15 feridos, anunciaram as autoridades locais, citadas pela imprensa norte-americana (CNN e CNBC) e britânica (BBC e The Guardian). Às vítimas do tiroteio acresce o atirador, que foi abatido pela polícia. Tratar-se-á de um rapaz de 19 anos que comprou a arma de forma legal no Nevada há apenas três semanas.

O tiroteio ocorreu pelas 17h30 (01h30 em Lisboa), no Gilroy Garlic Festival, que se realiza todos os anos na cidade de Gilroy, ao sul de São Francisco, na Califórnia.

Uma testemunha disse à imprensa local que um homem com cerca de 30 anos começou a disparar indiscriminadamente sobre a multidão.

“Podia vê-lo a disparar em todas as direções. Não se destinava a ninguém em particular. Foi da esquerda para a direita, da direita para a esquerda”, disse Julissa Contreras, citada pela estação NBC News.

Também Michael Paz, um vendedor de chapéus que tinha uma banca no festival de São Francisco, na Califórnia, terá assistido ao tiroteio. Em declarações ao jornal local The San Francisco Chronicle, citado pela BBC, descreveu o que viu: “Ele apareceu preparado para disparar porque estava a usar um colete à prova de bala. Disparou sem nenhum alvo específico”.

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Entretanto, vários órgãos de comunicação norte-americanos avançam que a polícia identificou o suspeito como Santino William Legan, um rapaz de 19 anos que usou uma espingarda semelhante a uma AK-47. O rapaz terá comprado a arma legalmente no Estado do Nevada, a 9 de julho. Acrescenta a CNN que o suspeito terá divulgado no Instagram posts que mostravam uma referência a um livro de supremacia branca e uma imagem de pessoas no festival. Vários carros da polícia cercaram a casa do pai de Santino, em Gilroy.

Ainda antes de o atirador ter sido abatido pela polícia, Donald Trump apelou, no Twitter, às pessoas para terem cuidado ao circular nas redondezas: “As forças policiais estão no local do tiroteio em Gilroy, Califórnia. Os relatos apontam para que o atirador ainda não tenha sido apreendido. Tenham cuidado e privilegiem a vossa segurança!”, tweetou. O presidente norte-americano voltou a falar, desta vez na Casa Branca, e chamou ao atirador “um assassino perverso”. Trump agradeceu ainda às forças policiais: “Nunca nos desiludem e rapidamente mataram o atirador”, comentou.

Vamos continuar a trabalhar juntos como comunidades e cidadãos para travar o mal, evitar a violência e proteger todos os americanos”, acrescentou o chefe da Casa Branca, oferecendo condolências às famílias das vítimas.

O Centro Médico de Santa Clara Valley recebeu sete pessoas com ferimento de balas. Têm entre 12 e 69 anos, conta um porta-voz à CNN. Um paciente foi transferido e outro já teve alta, mas três continuam em estado grave. Os outros dois feridos estão estáveis.

[AVISO: Os vídeos abaixo podem conter imagens chocantes]

Em conferência de imprensa, o chefe da polícia de Gilroy, Scot Smithee, avançou que as autoridades acreditam que o suspeito terá cortado uma vedação para entrar no parque, começando depois a disparar. Ainda “nenhum motivo foi identificado”, sabendo-se apenas que o atirador tinha “uma espécie de espingarda” e que disparou indiscriminadamente, sem alvo específico aparente. Há ainda a hipótese de haver um segundo suspeito envolvido no tiroteio, mas a polícia ainda investiga esta pista.

Ainda durante a conferência de imprensa, o comissário da polícia local Scot Smithee pediu a quem tiver testemunhado o tiroteio para entrar em contacto com a polícia: “Estamos a pedir a quaisquer testemunhas que entrem em contacto. Ainda estavam algumas pessoas no parque naquele momento [do tiroteio]. Quem tiver testemunhado este incidente e nos puder dizer algo, quem tiver tirado fotografias, talvez registado em vídeo algo que possa ser relevante para a investigação, por favor contacte-nos”, afirmou.

Uma das testemunhas que terá sobrevivido ao tiroteio terá sido uma rapariga de apenas 10 anos. Segundo a sua avó contou à CNN, a rapariga “disse que olhou para ele [atirador] nos olhos e viu-o a ir em direção a ela, mas escondeu-se”. A jovem terá ainda conseguido salvar uma criança de apenas três anos, que seria filho da chefe de trabalho da sua avó — e que a rapariga terá escondido da mira do atirador. Uma outra testemunha do tiroteio, do sexo masculino, falou à CNN de como viu a sua prima de 12 anos ter sido alvejada (foi depois hospitalizada, estando na lista de 15 feridos):

“Vimos um buraco na perna dela, estava a chorar. Estava muito magoada. Primeiro, ela estava a correr muito rápido — daí não termos percebido logo se tinha sido alvejada, porque estava a correr normalmente… provavelmente foi só a adrenalina porque queria sair rapidamente daquela situação”.

Outra testemunha, Taylor Pellegrini, de 25 anos, recordou o que viu, citada pelo Los Angeles Times: “As pessoas estavam a gritar: atirador ativo, atirador ativo. Algumas pessoas passaram-se e ficaram no chão, de modo a que as balas não as atingissem. Havia pessoas debaixo das mesas, a deixar cair os telefones e tudo o que tinham nas mãos”.

Quando o atirador disparou, estava a decorrer uma atuação no festival, de uma banda chamada TinMan. O vocalista e guitarrista do grupo, Jack Van Breen, afirmou que a banda estava a tocar o encore do concerto quando ouviu o som de um disparo. Virou-se então na direção do som do tiro e viu um homem “com um lenço cinzento à volta do pescoço e o que parecia ser uma espingarda de assalto. Começou a disparar novamente depois, na direção das pessoas que estavam naquele momento a jantar”. O músico deu então instruções à banda que saísse do palco rapidamente.

Artigo atualizado às 23h50 com a informação de que o suspeito terá comprado a espingarda de forma legal