Terminaram as reuniões entre o Governo e os sindicatos que assinaram o pré-aviso de greve (o das matérias perigosas — SNMMP  — e o dos motoristas de mercadorias — SIMM). Os motoristas vão manter a greve, por enquanto, mas aguardam uma resposta dos patrões às suas propostas. E apontam uma data limite: sexta-feira. Até ao final da semana, os patrões terão de responder às propostas que os sindicatos agora transmitiram ao ministro das Infraestruturas, Pedro Nuno Santos.

Isto porque no sábado se realiza um plenário de trabalhadores (SIMM e SNMMP), o último antes da greve marcada para segunda-feira. “Será a última oportunidade antes da greve”, disse Pedro Pardal Henriques.

Já Anacleto Rodrigues, porta-voz do SIMM, garantiu por sua vez que o Governo se mostrou “empenhado em usar a sua influência para que ANTRAM volte às negociações” até ao final da semana. Para isso, o Executivo deverá fazer chegar à associação patronal as propostas colocadas em cima da mesa nesta segunda-feira. Esta posição do sindicato surge apesar de os patrões do setor já terem dito que não vão enviar nova contraproposta, nem reunir-se com os sindicatos com uma ameaça de greve em cima da mesa.

Por outro lado, a reunião entre o Governo, FECTRANS e ANTRAM, que estava marcada para as 15 horas desta segunda-feira, foi adiada para esta terça-feira, às cerca de 9h30 horas, apurou o Observador. A razão do adiamento prende-se com o facto de a reunião entre Governo e os sindicatos que assinaram o pré-aviso de greve  se ter prolongado.

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Mais de 5 horas de reunião. O que se avançou?

A reunião no Ministério das Infraestruturas começou pelas 11h30, entre o SIMM e o ministro Pedro Nuno Santos, com o objetivo de dar a conhecer as reivindicações do sindicato ao Governo, disse Anacleto Rodrigues, porta-voz do SIMM. Este encontro inicial não contou com a presença da ANTRAM — ao Observador, a associação patronal já tinha dito que não fora convocada para a reunião, acrescentando que, mesmo se tal tivesse acontecido, só iria ao encontro caso fosse retirado o pré-aviso de greve — nem do SNMMP. Questionado pelo Observador sobre esta ‘divisão’, Pedro Pardal Henriques considerou apenas tratar-se de uma “estratégia negocial” do Governo.

A discussão parou para almoço, pelas 13h30, tendo sido retomada já depois das 15 horas, atrasando a reunião que estava marcada para essa hora entre Governo, ANTRAM e FECTRANS para a discussão do contrato coletivo de trabalho. Esse encontro acabou mesmo por ser adiado para esta terça-feira, às cerca de 9h30 horas, apurou o Observador, devido ao prolongamento da reunião dos motoristas com o Governo.

Mas, ao fim de mais de cinco horas de discussão entre ambos os sindicatos e o Governo, que novos passos se deram?

“O Governo deu-nos várias hipóteses de fazermos outro caminho”, frisou Anacleto Rodrigues. Que hipóteses? O sindicalista não quis avançar. Referiu, porém, que se regista “pela primeira vez empenho claro do Governo em resolver o diferendo”. “O Governo não tentou demover [os motoristas da greve]. Tentou chamar a atenção para o risco de lesar o país.”

Para o SIMM, mantém-se a proposta de aumentos de 100 euros em 2021 e outros 100 euros em 2020. Mas o sindicato garante que não é intransigente e que está aberto para ouvir as contrapropostas da ANTRAM, as quais terão de chegar até ao final desta semana, para que possam ser discutidas em plenário.

Já Pedro Pardal Henriques, disse que uma das hipóteses em cima da mesa para o SNMMP passa pelo aumento do salário base dos motoristas para 1.000 euros até 2025, com indexação ao crescimento do salário mínimo nacional. A proposta inicial era chegar a um salário base de 900 euros em 2022.

E porquê uma greve agora reivindicações de 2021 e 2022? “Estamos a reivindicar um contrato coletivo que vai vigorar durante três anos para repor a valorização salarial que não obtivémos”, sublinhou Anacleto Rodrigues.

Na última sexta-feira, o primeiro-ministro, António Costa, disse que a greve é uma “luta que o país não percebe” e que há um “claro sentimento social de revolta e incompreensão”, uma vez que a paralisação “se refere a aumentos salariais de 2021 e 2022, quando já estão acordados aumentos salariais de 250 euros para janeiro de 2020”. Palavras que não caíram bem junto dos motoristas, para quem as declarações de António Costa “vieram revoltar mais os trabalhadores”.

Peça atualizada com declarações prestadas pelos sindicatos, pelas 21:00.