“Eu tenho um princípio básico. Quando termino uma viagem, atesto sempre o carro”. A prática de Marcelo, que o Presidente da República confessou na tarde desta quinta-feira, em Rostock, na Alemanha, quando questionado sobre a greve dos motoristas, não é a que está a ser seguida pela maioria dos portugueses — a ver pelas filas que já se começam a formar a mais de 72 horas do início da paralisação, marcada para as 00h01 de segunda-feira.
“Como acabei de vir do fim de semana que estive no Algarve, atestei logo o carro e, portanto, estou em condições de partir, naquilo que está na minha cabeça para ser o dia das minhas férias, que é dia 12″, explicou ainda o Presidente. Quanto à polémica dos serviços mínimos implementados, Marcelo preferiu não comentar o assunto: “Eu acompanho tudo o que se passa, mas não devo comentar em território estrangeiro”.
Na iminência de uma greve que ameaça (pela segunda vez) secar as bombas de combustível do país, tal como o Presidente, ninguém quer ficar com o tanque na reserva. A poucos dias da paralisação, os postos começam a esvaziar-se ao mesmo tempo que se enchem de carros: sejam de famílias preocupadas que não querem perder as suas férias ou de quem, simplesmente, prefere prevenir.
[“Temos de nos precaver”. O dia numa bomba, quatro dias antes da greve]
De norte a sul do país, já há 30 bombas sem, pelo menos, um tipo de combustível: 12 já não têm gasolina, 15 esgotaram os tanques de gasóleo e três já não têm GPL. Como a greve ainda não começou (só arranca às 00h01 de segunda-feira), os postos de combustível ainda estão a ser abastecidos. Mas o abastecimento é lento: depois de o camião chegar, os tanques podem demorar de 1h30 até 3 horas a ficarem cheios novamente. Para evitar que os combustíveis acabem, a Câmara de Mafra já decretou o estado de alerta e decidiu impor limitações aos abastecimentos no município, desde as 17h00 desta quarta-feira, impondo um máximo de 25 litros.
As filas na bomba da Galp da Tapada das Mercês, Algueirão-Mem Martins, uma das freguesias mais populosas de Sintra:
Na A16, a autoestrada que liga a A5 em Cascais à CREL, junto à Amadora, a bomba da Prio já tinha também filas dos dois lados:
Na início da Calçada de Carriche, no sentido Odivelas-Lisboa, a bomba da Galp também tinha filas de ambos os lados, com alguns clientes a abastecer jerricãs:
As filas são, para já, menores quando comparadas com as provocadas pela greve anterior, de 15 de abril. Começaram a surgir especialmente depois de o Governo ter declarado o estado de emergência energética. Mas, em contagem decrescente para a paralisação, a tendência é para que cresçam ainda mais.
[Veja na fotogaleria acima as fotografias das filas que se começam a formar nos postos de abastecimento]
Posto sem combustível estabilizam em torno dos 10%. Veja onde ainda pode abastecer