A ministra da Saúde leu a carta dirigida pelos médicos à administração do Hospital Garcia de Orta, que “apontava dificuldades no preenchimento de um dia de escala concreto”, sexta-feira, dia 13 de setembro, mas garante que “essa escala foi assegurada” e, por isso, o caso está já “ultrapassado”.

Dirigindo-se aos jornalistas esta manhã, no Porto, Marta Temido lamentou o facto de a população não ser “poupada dos sinais de alarme e de preocupação que por vezes extravasam aquilo que é a comunicação de mesa redonda” entre médicos e administrações hospitalares.

Na carta à qual a ministra teve acesso, alguns médicos internos e chefes de serviço do Hospital Garcia de Orta comunicavam um despedimento coletivo pela falta de profissionais para as escalas de urgências desta sexta-feira, mas também denunciavam falta de especialistas, sobretudo para a área da medicina interna, e acusavam a ilegalidade de retirar do banco de urgências a cirurgia geral.

Marta Temido, solidária com os médicos, sublinhou a grande afluência de doentes neste hospital e a saída de profissionais nos últimos anos, “designadamente para outros prestadores, até do setor privado”, pelo que compreende o “desgaste muito significativo nos recursos humanos”. Não deixou, no entanto, de mencionar os 250 profissionais que começaram a trabalhar no hospital Garcia de Orta “desde há 4 anos a esta parte, dos quais 90 são médicos especialistas”, nem as 28 vagas recentemente abertas para recém especialistas neste hospital.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Ainda sem saber se a carta de demissão vai ou não ser retirada, espera agora que médicos e administrações possam sentar-se a conversar e “consigam levar a cabo o trabalho que têm em conjunto”, em várias reuniões já agendadas.

Diretor clínico do Garcia de Orta garante escalas de urgência completas com cirurgia geral

Marta Temido falou aos jornalistas à margem da razão pela qual estava na Secção Regional do Norte da Ordem dos Médicos: participar na apresentação do projeto de reinvenção dos Agrupamentos de Centros de Saúde. Questionada sobre a polémica com a limitação de fármacos por parte da ADSE, aproveitou para esclarecer aquilo que diz ter sido “menos bem interpretado” em “notícias infundadas”.

A ministra relembrou as três condições que todos os medicamentos têm de apresentar para poderem ser administrados pela ADSE aos beneficiários. “A primeira, óbvia, a autorização de introdução no mercado”, descreveu Marta Temido; a segunda passa por “uma autorização de utilização especial conferida pelo INFARMED”, explica, para os casos em que o medicamento ainda não tem uma autorização de utilização no mercado, mas em que a situação do doente assim o justifica. Num terceiro caso, “em situações excecionais, a direção da ADSE pode autorizar a utilização de um determinado medicamento”.

O que mudou, segundo a ministra, foi que o Infarmed informou em agosto os prestadores de serviço de que, para se poder pôr em prática a terceira via de autorização, os pedidos têm de ser feitos através de uma aplicação informática.