As chuvas torrenciais que já mataram pelo menos seis pessoas no sul de Espanha está a encaminhar-se para Portugal, confirmou o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA). Em declarações à TSF, a meteorologista Ângela Lourenço avançou que “esta depressão nos níveis médios e altos, à qual os espanhóis atribuem a designação ‘gota fria’, irá mover-se um pouco para a região de Portugal”. Os efeitos irão começar a sentir-se a partir de sábado até segunda-feira.
Ainda esta manhã, o meteorologista Bruno Café adiantou que, embora as temperaturas na ordem dos 30 graus ainda estejam para ficar, “para sábado há condições favoráveis à ocorrência de aguaceiros, em especial a partir da tarde e no interior”: “São dispersos e restringidos a alguns locais. Não é uma situação absoluta. Não serão generalizados a todo o interior”, descreveu o especialista em declarações à Agência Lusa.
No primeiro gráfico, é possível observar que a cauda da tempestade (perto de Granada) está a dirigir-se para o sudoeste português, depois de, inicialmente, a direção ter sido o Golfo da Biscaia (zona a norte da Península Ibérica onde as tempestades são bastante comuns).
Apesar de terem origem na mesma depressão que está a afetar o sul de Espanha, Ângela Lourenço garante que as trovoadas e chuvas previstas para este sábado compõem uma “situação muito menos severa do que o que tem ocorrido” no país vizinho. Depois de sábado já se espera “tempo quente e seco”, “com tendência para uma ligeira melhoria a partir de domingo”, concretizou Ângela Lourenço.
Os dados mais recentes indicam a morte de cinco pessoas: duas em Caudete (Albacete), na quinta-feira, e outras três esta sexta-feira: uma delas em Almeria, outra em Baza (Granada) e a outra em Redován (Alicante). 3.500 foram ainda retiradas de casa. Esta já é considerada a pior tempestade a atingir o país em mais de 100 anos. A culpa é de um centro de baixa pressão atmosférica que está a atravessar lentamente o sul de Espanha. É esse sistema que está neste momento a dirigir-se para Portugal, embora já esteja a perder intensidade.
O temporal obrigou ao encerramento de mais de 80 estradas (11 da rede principal) nas províncias de Valência, Alicante, Múrcia, Almeria e Albacete, à interrupção da circulação ferroviária em Múrcia e parcialmente em Valência, e à suspensão do tráfego aéreo em Almeria e Múrcia. Com precipitações que ultrapassaram os 400 litros por metro quadrado em 48 horas em localidades como Orihuela, as chuvas persistentes afetaram vastas regiões das províncias de Múrcia, Alicante, Valência e Almeria.
Foram ainda suspensas as atividades escolares na capital de Almeria e noutros municípios vizinhos e as autoridades desaconselharam os habitantes de conduzir.
La DANA inunda Orihuela y la comarca de la Vega Baja en Alicante https://t.co/udGPdbjN4n pic.twitter.com/GVDdYCiu0o
— Europa Press (@europapress) September 13, 2019
A porta-voz do governo em funções, Isabel Celaá, e o ministro do Interior, Fernando Grande-Marlaska, transmitiram em nome do executivo a sua solidariedade aos familiares das vítimas e às centenas de milhares de pessoas afetadas pela intempérie. O ministro pediu que as deslocações sejam reduzidas ao mínimo e apelou à população para se manter informada sobre as previsões meteorológicas e para que cumpra as indicações das autoridades.
Artigo atualizado às 20h15 com a atualização do número de vítimas e os gráficos que mostram a evolução da tempestade