Antoine Griezmann terá negociado em segredo, no passado mês de março (enquanto ainda jogava pelo Atlético de Madrid) o pagamento de 14 milhões de euros em comissões pela sua venda ao Barcelona. De acordo com o jornal El Mundo, o então jogador colchonero trocou uma série de e-mails — cujo conteúdo foi consultado pelo diário espanhol — em que não só abordava a sua transferência para os culés como também aquilo que o clube devia pagar aos seus assessores, quase todos seus familiares, e a um mediador chave.

Ao que tudo indica, Sevan Karian, o advogado pessoal de Griezmann, remeteu por escrito essa tal proposta ao Barcelona com o conhecimento do pai do jogador, Allan, e da sua irmã, Maud. Neste e-mail foram acordados os valores e as percentagens que os envolvidos iriam receber por terem ajudado a concretizar a transferência para o Barça, algo que na altura, pelo conteúdo dos e-mails, já se dava por totalmente fechado.

O problema é que nesse momento o jogador tinha um contrato em vigor com o Atlético e fechou a sua contratação sem que o Barcelona tivesse falado com os rojiblancos. Isto significa que Griezmann manteve sempre oculto, mesmo durante a época desportiva, o acordo que tinha fechado, podendo com isto limitar-se a esperar que a sua cláusula de rescisão passasse dos 200 para os 120 milhões, a partir do dia 1 de julho.

Os e-mails mostram conversas entre as partes onde se combinou o pagamento de quatro grandes lotes de comissões. O primeiro foi para a irmã e agente de Griezmann, bem como para o seu pai. Maud tinha substituído Iñaki Ibáñez, o agente que ajudou o francês a gerir os seus contratos com a Real Sociedad, a sua venda ao Atlético e as consequentes renovações com os colchoneros — só mudou quando surgiu este interesse do Barcelona. Nessa altura, Griezmann decidiu unilateralmente deixá-lo, apesar de existir um contrato entre os dois. Essa disputa pode muito bem acabar nos tribunais.

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Outro dos lotes foi reservado para o próprio advogado de confiança da família, o já referido Karian. No terceiro lote está um comissionista francês que já tinha participado em negociações que tiveram lugar há um ano, e finalmente o último (e mais importante) lote diz respeito a sete milhão de euros que foram parar a um advogado catalão com quem o jogador criou uma estreita relação pessoal e que acabou por ser a chave desta aproximação ao Barcelona, isto depois de o ter negado há um ano. Ele é o mediador chave desta operação.

De acordo com o mesmo El Mundo, a divisão das percentagens acabou por provocar, no mesmo mês em que o Atlético jogava a sua sobrevivência na Champions contra a Juventus e da La Liga contra o Barcelona, uma azeda disputa entre estas pessoas que rodeavam o jogador — tudo por causa da distribuição do dinheiro. Estas desavenças fizeram com que, em primeiro lugar, o comissionista francês acabasse excluído, por decisão da família, motivo pelo qual decidiu vingar-se ao revelar estes e-mails.

Tudo isto já está nas mãos do Atlético de Madrid, que passa agora a ter uma arma poderosa nas mãos e está a estudar se vai mover uma ação judicial contra o jogador, isto depois de já ter denunciado o Barcelona junto da Federação espanhola. A equipa que neste defeso, curiosamente, deu 120 milhões por João Félix, continua a defender que as negociações entre Griezmann e o Barcelona começaram antes do momento em que a cláusula de rescisão baixava e por isso reclama o pagamento da diferença entre os 200 milhões e os 120 que foram pagos — 80 milhões de euros, entenda-se.