Os médicos mais jovens estão menos disponíveis e motivados para colaborar nas consultas e intervenções de interrupção voluntária de gravidez (IGV). Muitos declaram-se objetores de consciência, mas não há dados oficiais que indiquem exatamente quantos são. O Público noticia esta sexta-feira que a Ordem dos Médicos estimou em 2011 que, em cerca de cinco mil, seriam 1.300 os médicos que invocavam a objeção de consciência — mas não tem dados sobre o cenário atual. Já a Ordem dos Enfermeiros aponta para 285 objetores de consciência.

Ainda segundo o mesmo jornal, o número de interrupções voluntárias de gravidez está em queda desde 2012, tendo atingido o valor mais baixo em 2017: 14.889. Este número de IGV coloca Portugal abaixo da média europeia.

A especialista em ginecologia e obstetrícia Teresa Bombas diz ao Público que “é difícil motivar os profissionais mais jovens” para esta intervenção. A despenalização da IGV por opção da mulher até às dez semanas de gestação entrou em vigor em 2007 e Teresa Bombas e conta que, nessa altura, o processo era mais fácil: muitas mulheres pediam ajuda devido a complicações resultantes de abortos clandestinos. Mas a especialista adianta que, hoje, a falta de recursos humanos dificulta as IGV.

Ana Campos, ex-diretora clínica adjunta da Maternidade Alfredo da Costa, refere, ainda, que a interrupção da gravidez não oferece valorização curricular aos médicos que estão a fazer a especialidade.

O Bloco de Esquerda vai perguntar ao Ministério da Saúde que avanços houve desde 2018, altura em que o partido liderado por Catarina Martins detetou vários problemas no encaminhamento das mulheres e reclamou que fossem asseguradas de acesso à IGV em todos os agrupamentos de centros de saúde.

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