O tema escolhido por Catarina Martins para encerrar o jantar-comício do BE, nesta quarta-feira, foi o combate à precariedade. Uma matéria que não é nova para o partido e nem sequer é novidade para este dia. Já durante a tarde, à saída de uma visita ao Centro de Ciências do Mar do Algarve, a líder bloquista tinha falado aos jornalistas sobre precariedade à boleia do envio para o Tribunal Constitucional do pacote da lei laboral aprovado pelo PS — com as abstenções de PSD e CDS — no fim desta legislatura. Ainda assim, não largou o tema.

Uma democracia a sério não se quer com medo. Precariedade é medo e nós estamos aqui para acabar com o medo“, disse, numa tirada que serviu para animar a sala, depois de Alberto Melo, mandatário distrital pelo Algarve, do deputado João Vasconcelos e de Mariana Mortágua.

Voltando a lembrar o envio das alterações à lei laboral para o TC, Catarina Martins aproveitou para continuar o caminho de distanciamento calculado do PS, embora de forma dissimulada. “Hoje mesmo, o BE, juntamente com o PCP e com o PEV, entregou no Tribunal Constitucional o pedido de verificação da constitucionalidade de algumas das normas que foram aprovadas a 19 de julho, à última hora, aquelas normas acordadas com os patrões e que aumentam a precariedade”, lembrou. O nome do PS não surgiu, mas ficou implícito a quem se dirigia, já que os socialistas foram os únicos a votar favoravelmente as normas.

E se na primeira investida ficou omissa a referência, na segunda a história foi diferente. “O Governo acha agora que pode permitir [o alargamento do período experimental a funções indiferenciadas] porque é só para jovens e desempregados de longa duração. Ora, nada diz na nossa Constituição que os jovens ou os desempregados são menos do que qualquer outro cidadão ou cidadã do nosso país”. Um ataque direto a António Costa e ao seu Executivo.

Em tempos de campanha eleitoral, Catarina Martins tem preferido dar mais destaque às diferenças que existem entre PS e BE do que às semelhanças. Faz parte da estratégia bloquista para evitar a maioria absoluta. É certo que há dossiês em que a líder bloquista diz ter orgulho, como a lei de bases da Saúde, que, curiosamente, foi aprovada no mesmo dia em que se aprovaram as leis laborais, a 19 de julho (também aprovada, portanto, “à última hora” mas esse facto não entra no discurso da coordenadora do BE).

Depois de uma intervenção a apontar as falhas do atual Governo no que toca a legislação laboral e combate à precariedade, Catarina Martins apelou ao voto dos precários, reivindicando ser a sua voz e prometendo tornar este num dos temas principais do partido para a próxima legislatura.

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