A professora catedrática convidada do ISEG Manuela Silva, que foi secretária de Estado para o Planeamento no I Governo constitucional, pioneira no estudo da desigualdade e pobreza, morreu, divulgou esta terça-feira o Instituto Superior de Economia e Gestão. Licenciada em Economia pelo ISEG, Universidade de Lisboa, Manuela Silva morreu na segunda-feira, refere a instituição universitária, sem adiantar a causa.
O Presidente da República lamentou, entretanto, a morte de Manuela Silva. “No contexto do saber nas áreas do desenvolvimento e económico e social, a sua morte constitui uma perda de grande relevância para o nosso país”, lê-se numa nota publicada na página da internet da Presidência da República.
Marcelo Rebelo de Sousa apresentou “sentidas condolências” à família de Manuela Silva, pioneira no estudo da desigualdade e pobreza, de acordo com a mesma nota.
Com uma vida dedicada a causas de grande relevância económica e social, nas quais se incluem a justiça social, luta contra a pobreza e defesa dos Direitos Humanos, desempenhou vários cargos de relevância como sejam o de Presidente da Comissão Nacional Justiça e Paz, da Igreja Católica em Portugal, fundadora da Fundação Betânia, Diretora do Gabinete de Estudos Sociais do Ministério da Saúde e Secretária de Estado para o Planeamento, no I Governo Constitucional (1976-77)”, recorda a Presidência da República.
O Palácio de Belém lembra ainda que em paralelo foi “investigadora e professora em várias instituições do ensino superior, com referência para o Instituto Superior de Economia e Gestão, lecionou nas áreas do planeamento, política económica, política social e economia portuguesa, onde se evidenciou em trabalhos de elevado reconhecimento nacional e grande relevância no processo de desenvolvimento económico e social de Portugal”.
Também Ferro Rodrigues, presidente da Assembleia da República, lamentou a morte de uma “mulher de causas” cuja morte “constitui uma perda para Portugal”.
Com grande consternação, acabo de ser informado do falecimento de Manuela Silva. Economista de grande mérito e académica por excelência, Manuela Silva destacou-se no combate às desigualdades, tendo sido, até ao seu desaparecimento, uma das vozes mais importantes na temática da pobreza, em cuja erradicação se empenhou particularmente”, escreve Ferro Rodrigues numa nota de pesar enviada à agência Lusa.
Em comunicado a Comissão Nacional Justiça e Paz refere que recebeu “com pesar a notícia do fim da vida terrena de Manuela Silva, que foi sua presidente”.
Ficará para sempre em nós marcado o seu testemunho de dedicação constante e incansável às causas da Justiça e da Paz, inspirada no Evangelho e da doutrina social da Igreja. Essa dedicação abarcou os âmbitos académico, social, político e eclesial. Sempre teve uma atenção especial à causa do combate à pobreza como violação dos direitos humanos”, escreve a comissão.
O velório decorre ao final da tarde desta terça-feira, na Igreja da Ressurreição, em Cascais, tendo o funeral lugar na quarta-feira, 9 de outubro, às 14h00, refere o ISEG.
Agraciada com a Grã-Cruz do Infante D. Henrique em 2000 pelo então Presidente da República Jorge Sampaio, Manuela Silva desempenhou vários cargos na Administração Pública ao longo da sua vida, tendo sido secretária de Estado para o Planeamento no I Governo constitucional (1976-77), integrando ainda diferentes grupos de peritos no âmbito da União Europeia, Conselho da Europa e OIT – Organização Internacional do Trabalho.
Em 2013 recebeu o Doutoramento ‘honoris causa’ pela Universidade Técnica de Lisboa.
O ISEG presta-lhe homenagem, reconhecendo, publicamente, a sua especial distinção como nossa estudante, professora catedrática convidada, presidente do Conselho Pedagógico, diretora da Revista de Estudos de Economia, membro-fundador do CISEP e Doutora Honoris Causa pela então Universidade Técnica de Lisboa”, refere a instituição.
Na sua intervenção cívica, presidiu a Comissão Nacional Justiça e Paz, destacando-se o trabalho pioneiro desenvolvido no estudo da pobreza e das desigualdades em Portugal.
Manuela Silva foi presidente do Movimento Internacional dos Intelectuais Católicos, presidente da Comissão Nacional Justiça e Paz, fundadora e presidente vitalícia da Fundação Betânia e coordenou o Grupo Economia e Sociedade (GES).
“Foi pioneira no estudo do desenvolvimento comunitário em Portugal e no estudo da desigualdade e da pobreza. A ela se deve a coordenação dos primeiros estudos científicos sobre a pobreza realizados em Portugal nos anos 80. Ao longo da sua carreira publicou diversos livros e estudos sobre a economia e a sociedade em Portugal, nos quais revelou sempre uma profunda preocupação com os problemas do desenvolvimento, com as desigualdades, a injustiça social e as diversas formas de pobreza e de exclusão social”, refere o ISEG.