“O 5G é um desafio para todos os Estados e nesse contexto Portugal está em linha com o que a União Europeia está a fazer”, disse à Lusa Rogério Raposo, quando instado a comentar o relatório divulgado pela Comissão Europeia na quarta-feira, onde Bruxelas refere que os Estados-membros da UE detetaram a possibilidade de ocorrência de casos de espionagem ou ciberataques vindos, nomeadamente, de países terceiros.
Este relatório resulta “de uma análise de risco a nível de cada Estado da União Europeia”, sublinhou o responsável, que foi orador na quinta-feira no congresso “(Des) Codificar o futuro” da GS1 Portugal, que decorreu na Nova SBE, sobre capacitação nacional em cibersegurança.
“Estamos atentos e não estamos atentos sozinhos”, sublinhou o coordenador, apontando que em Portugal “há várias entidades” que terão responsabilidade e papel de “poder assegurar” que os riscos detetados no 5G sejam reduzidos. Rogério Raposo salientou que “já existem instrumentos” para mitigar e outros “estão ser criados”.
O relatório de Bruxelas foi divulgado após os Estados-membros terem feito uma avaliação nacional sobre os riscos da tecnologia de quinta geração e aponta que, nessas mesmas análises, chegou-se à conclusão de que “a introdução das redes 5G ocorre no âmbito de um complexo cenário global de ameaças à segurança cibernética”.
Assumida como uma prioridade desde 2016, a aposta no 5G tem motivado preocupações com a cibersegurança, tendo levado a Comissão Europeia, em março deste ano, a fazer recomendações de atuação aos Estados-membros, permitindo-lhes desde logo excluir empresas ‘arriscadas’ dos seus mercados. Estas preocupações surgiram na sequência da ‘guerra’ entre os Estados Unidos e a Huawei, com Washington a banir a empresa e a tentar convencer os países europeus a fazer o mesmo.
A Europa é o maior mercado da Huawei fora da China. De um total de 50 licenças que a empresa detém para o 5G, 28 são para operadoras europeias.
Bruxelas pediu, também nessa altura, que cada país analisasse os riscos nacionais com o 5G, o que aconteceu até junho passado, seguindo-se depois uma avaliação geral em toda a UE. Até final do ano, deverão ser encontradas medidas comuns para mitigação das ameaças.
Entretanto, a Huawei mostrou-se “satisfeita” com a avaliação sobre riscos no 5G, por não visar “países ou empresas específicas”, pedindo que Bruxelas se “guie por factos”. Em Portugal, o arranque do 5G está previsto para o próximo ano.