O PS teve mais votos e elegeu mais deputados, mas não tem a vida facilitada nos próximos quatro anos. Os partidos da esquerda e os da direita também não vão ter melhores linhas para coser. Estas são as principais conclusões da análise política de Marques Mendes, este domingo na SIC. Para o social democrata, afinal quem venceu estas eleições, sem sequer ser candidato, foi o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, porque teve aquilo que queria: uma vitória sem maioria absoluta.

“O Presidente da República é o grande ganhador das eleições sem ter participado. O Presidente da República deixou claro que não morria de amores de uma maioria absoluta, porque perde poder, também ganhou melhores condições para a sua reeleição, porque o PS não sai muito forte “, diz.

Na ótica de Luís Marques Mendes, não se coloca a questão se o PS tem “condições para governar”, mas sim se essas condições são “melhores ou piores”. “O PS tem mais votos, tem mais deputados, mas provavelmente tem piores condições para governar que nos últimos quatro anos”, isto porque no plano político e económico as condições são outras.

“Acho que vai ter um Governo mais instável”, diz.

Não significa com isto que Costa não consiga levar o Governo até ao fim dos quatro anos da legislatura, Mas dado o abrandamento  económico vai ter “menos dinheiro para distribuir”, logo “instabilidade a mais e popularidade a menos.” Por outro lado, analisa Marques Mendes, o PS de Costa “habituou-se a ter uma oposição à direita, mais mês menos mês vai ter uma oposição à esquerda e outra à direita”.

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Também a relação com Marcelo não será igual. O comentador político do PS lembra que o caso de Tancos foi uma “pedrinha no sapato” de António Costa. Já quanto aos partidos da esquerda, Marques Mendes considera que o PCP e o BE vão, também, ter dificuldades, porque não havendo geringonça, serão considerados “partidos marginais” e isso poderá ter reflexo nas próximas autárquicas. “O Bloco não tem poder e o PCP está em perda para o PS, não vai ser fácil”, antevê.

Mas a maior dificuldade, diz, é que mesmo que queiram derrubar o Governo “vão ter uma enorme dificuldade”,  porque tal só será possível se derem as mãos aos partidos da direita, PSD e CDS “e isso é muito difícil”, defendeu Marques Mendes, recordando quando isso aconteceu em 2011 e se refletiu nas eleições.

Também à direita a vida não vai ser fácil. Costa há-de fazer um orçamento mais “popular” e vai acabar a “fazer chantagem em nome da estabilidade e do interesse nacional”, obrigando-os a aprovar.

Quanto à formação do futuro Governo, e pelo que Costa tem avançado, Marques Mendes acredita que esta não se alterará muito do que foi, com secretários de Estado a serem promovidos a ministros. Mas do seu ponto de vista “se isto acontecer vai cheirar a desilusão”. O político diz que há ministros que acusam já cansaço e que é necessário “sangue novo” no Governo.

“As pessoas em vez de terem um governo remodelado, gostavam de ter um governo refrescado”, diz Marques Mendes.

Algumas palavras para o PSD. Quanto ao reaparecimento de Cavaco Silva esta semana, a comentar os resultados eleitorais do PSD, Marques Mendes disse nada ter a opor, no entanto criticou o facto de ter avançado com o nome de Maria Luís de Albuquerque. E garantiu que apesar de Montenegro avançar para uma possível candidatura à liderança do PSD, Rui Rio não ficará sossegado e fará o mesmo.

O PSD e as eleições de dia 6