Tomás Correia vai ver chumbada a idoneidade para permanecer à frente da Associação Mutualista Montepio Geral, noticiam esta quinta-feira o Público e o Jornal Económico. Porém, embora o Público avance que o supervisor (ASF) já deu ao gestor um “sinal”, “por vias informais”, de que a decisão lhe será desfavorável, o Jornal Económico acrescenta que o próprio Tomás Correia disse ao jornal, na tarde de quarta-feira, que não está prevista qualquer renúncia ao cargo na reunião do conselho geral da mutualista na próxima semana.

Esta não é a primeira vez que é vista como inevitável a saída de Tomás Correia da liderança da mutualista Montepio — já em março último essa possibilidade pareceu estar iminente, também nas vésperas de uma reunião desse órgão do Conselho Geral (que vai extinguir-se com os novos estatutos em aprovação). Foi nessa altura que Tomás Correia afirmou, como noticiou o Observador, que não saía (e Vítor Melícias, presidente da mesa da AG, disse que não era um qualquer “secretariozeco” que ia levar Tomás Correia a sair da mutualista).

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Desta vez, porém, tendo a tutela financeira da mutualista passado para a Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões (ASF), Tomás Correia necessita de ver aprovada a idoneidade para liderar uma instituição mutualista que tem uma componente financeira (e, daí, ter passado a ser supervisionada pela ASF e não apenas pelo Ministério do Trabalho e da Segurança Social, como até agora).

Mas, segundo as duas publicações, a decisão será desfavorável à continuidade do gestor que é alvo de um processo de contra-ordenação do Banco de Portugal por violações da lei bancária ocorridas entre 2009 e 2014, altura em que liderava também a Caixa Económica Montepio Geral (hoje Banco Montepio). Recorde-se que Tomás Correia foi reeleito, em dezembro último, para a liderança da mutualista Montepio.

A decisão sobre a idoneidade de Tomás Correia sempre esteve prevista para outubro, mas há muito ficou claro que esta não seria conhecida antes das eleições legislativas. Com esse facto relevante no retrovisor, acredita-se que nas próximas semanas virá uma decisão definitiva para este processo. Não é claro, porém, se será oficializada antes ou depois da reunião do Conselho Geral na próxima quinta-feira, 24 de outubro.

Além de Tomás Correia, a ASF, liderada por Margarida Corrêa de Aguiar, está a avaliar outros 22 gestores da mutualista. Só Tomás Correia verá interdito o seu registo, segundo o Jornal Económico. Oficialmente, porém, a ASF não vai além de dizer que “o processo se encontra em fase final de tramitação.”

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Este é um processo que dura há um ano, desde que, em outubro último, o primeiro-ministro, António Costa, recebeu uma carta de aviso com um assunto no topo, a “Situação na Associação Mutualista Montepio Geral”, e um pedido: a substituição imediata do presidente Tomás Correia e da sua equipa, para evitar “potenciais consequências trágicas sobre os 620 mil associados”. 620 mil associados cujas poupanças António Costa garantiu, em pleno parlamento, que iria “fazer tudo para proteger”.