Há 20 anos que o PS não elegia um deputado fora da Europa, que nas últimas eleições, de 2015, tinha sido eleito pela coligação Portugal à Frente (PaF), com o CDS. Ao consegui-lo, os socialistas repartem a meias com o PSD os quatro deputados nos círculos da emigração. A informação foi já oficializada, depois de ter sido revelada num primeiro momento por José Cesário, um dos candidatos sociais-democratas eleitos.
A contagem dos votos, feita esta quinta-feira no Pavilhão do Casal Vistoso, em Lisboa, mostra que no círculo fora da Europa, além do social-democrata José Cesário, foi eleito o socialista Augusto Santos Silva, que — tendo sido novamente escolhido por António Costa para ministro dos Negócios Estrangeiros —, será substituído por outro deputado do PS. Pelo círculo da Europa, foram eleitos Paulo Pisco, do PS, e Carlos Alberto Gonçalves, do PSD.
No conjunto dos dois círculos, foi o PS que obteve mais votos (26,24%), seguido de PSD (23,42%), PAN (4,84%), Bloco de Esquerda (4,75%) e CDS (3,36%).
A abstenção ficou nos 89,21% nestes círculos, já com os 27 consulados contabilizados. Votaram um total de 158 mil emigrantes (158.252) num universo de quase um milhão e meio de inscritos (1.466.754). O número de votantes foi cinco vezes superior (mais 129 mil) ao das últimas eleições, mas, tendo em conta que, depois do recenseamento automático, o número de inscritos no estrangeiro subiu exponencialmente (eram cerca de 300 mil em 2015), a abstenção no estrangeiro acabou por ser maior do que há quatro anos, quando 88,32% dos eleitores faltaram à votação.
Estranha é a quantidade de votos nulos, 22,33%, ou seja, um em cada cinco votos foram desperdiçados nos círculos da emigração, uma subida expressiva face aos 10,83% das eleições de 2015.
Fechada esta contagem, o PS fica com 108 deputados no Parlamento e o PSD 79. Nos restantes partidos, os círculos da emigração não trouxeram novidades: Bloco de Esquerda fica com 19 deputados, CDU 12, CDS 5, PAN 4, e Chega, Iniciativa Liberal e Livre um deputado cada.