Foram marcantes as imagens, pouco usuais, de um ativista a ser retirado de cima de uma carruagem pelos furiosos utentes do metro. Agora, depois da polémica, os líderes da Extinction Rebellion (XR) reconhecem que erraram e que têm de aprender com aquela ação, de acordo com o The Guardian.

A organização preparou, ao longo de duas semanas, uma série de momentos de protesto disruptivo, no âmbito da “revolução não violenta” que preconiza “contra os governos em nome do clima e da justiça ecológica”.

Uma delas teve lugar no metro de Londres, em hora de ponta, com vários ativistas a subirem para carruagens em três estações da capital inglesa. Não correu bem, com os próprios utentes a revoltarem-se contra os manifestantes.

A reação dos passageiros foi ainda mais agressiva porque, apesar de tudo, o metro é dos meios de transporte menos prejudiciais para o ambiente: “Vocês são assim tão estúpidos?”, perguntou então um dos utentes do metro de Londres.

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Oito pessoas foram detidas, mas essa é a parte a que os ativistas da Extinction Rebellion já estão habituados. Só nesta série de ações, 1.768 pessoas foram detidas por autoridades de várias cidades em todo o mundo, por bloquearem estradas, ocuparem centros-comerciais, montarem acampamentos, entre outras operações mediáticas.

Há ainda um cirurgião que escalou o Big Ben, em Londres, e um ex-ciclista paralímpico, que subiu ao topo de um avião, também na capital inglesa, em protesto contra a expansão de aeroportos britânicos.

Extinction Rebellion. Antigo atleta paralímpico protesta no topo de um avião em Londres

Em relação ao protesto do metro de Londres, em que bloquearam o sistema de metro londrino em hora de ponta, os líderes do Extintion Rebellion fazem mea culpa, depois de já terem reconhecido que essa ação foi dividiu opiniões, com “muitos no movimento a não concordarem”.

Citada pelo The Guardian, Sarah Lunnon, uma das responsáveis da organização, assume que tem de se “aprender com o que se passou no Tube [Metro de Londres]”, sobretudo no que se refere ao “processo interno de tomada de decisão” do grupo. “Obviamente, não fizemos isso bem”, reconhece Sarah Lunnon, tendo em conta que os utentes londrinos “ficaram tão aborrecidos e tão consternados”.

“Há uma linha realmente fina para o XR [Extintion Rebellion] e é algo que temos de aprender”, diz Sarah Lunnon. “Ninguém antes tinha lançado uma rebelião pacífica contra o Governo neste país, mas temos de perceber como é que a rebelião vai prosseguir”.

O jornal diz que o movimento pondera afastar-se da quinzena de ações disruptivas que têm lugar duas vezes por ano, construindo, em vez disso, uma plataforma de peritos que possam liderar o debate global sobre as alterações climáticas.

O movimento já teve várias ações em Portugal, com cortes de estradas ou a mediática interrupção do discurso do primeiro-ministro, António Costa, em abril.

Os protestos em Portugal, as detenções em Londres e as ligações ao BE. Quem são os ativistas que interromperam o discurso de António Costa?