Artur Carvalho, o médico envolvido no caso do bebé que nasceu em Setúbal com malformações graves — sem olhos, nariz e parte do crânio —, foi absolvido em 2007 num caso que resultou na morte de uma bebé, escreve esta quarta-feira o jornal Público.
Alexandra Santana, à data com 38 anos, era uma grávida de alto risco quando deu entrada no Hospital de Setúbal em maio de 2007 com problemas de hipertensão. Aí ficou internada e o parto foi induzido pela médica assistente. Nessa noite, Artur Carvalho estava de turno no serviço de urgência. Às dores fortes da paciente o médico respondeu, por duas vezes, com analgésicos.
Bebé sem rosto. Ordem dos Médicos suspende preventivamente Artur Carvalho
Às 3h, o enfermeiro que lhe administrara os compridos para a dor detetou a falta de batimento cardíaco do feto. Foi realizada uma cesariana de emergência e a bebé nasceu inanimada e com vários problemas de saúde por ter ficado asfixiada na barriga da mãe, continua o jornal já citado. Alexandra sofrera uma rutura uterina. A bebé, transferida para a Maternidade Alfredo da Costa, morreu seis meses depois.
“Consegui aguentar a gravidez mais umas semanas, mas comecei novamente com episódios de pré-eclâmpsia e tive de ser internada. Na altura, resolveram induzir-me o parto, fiquei com muitas dores. Queixei-me. O trabalho de parto não se desenvolvia, o médico resolveu dar-me chá e bolachas e comprimidos para as dores para ficar para o dia seguinte, para a minha médica resolver, se continuava com a indução ou se fazia uma cesariana”, contou Alexandra Santana à SIC.
“Continuei a queixar-me porque as dores eram imensas e a receita dele foi sempre a mesma. (…) O resultado foi que tive de ir de urgência para o bloco para fazer a cesariana e foi quando me disseram que fiz uma rutura uterina e que a minha filha nasceu em paragem cardiorrespiratória, já estava nos meus intestinos. (…) A minha filha ficou com uma paralisia cerebral muito grande”, assegurou ao mesmo canal de televisão.
Alexandra Santana avançou com um processo-crime contra o obstreta Artur Carvalho e a médica assistente, mas o caso não chegou a julgamento por “falta de indícios suficientes da prática de crime”. A utente ainda processou o hospital no tribunal cível que também implicou os médicos, ação que terminaria em absolvição em 2017.
Malformações genitais, espinha bífida e só um rim. Diana é outro caso do médico de Setúbal
Na sequência do nascimento do bebé que nasceu sem rosto, Artur Carvalho foi suspenso durante seis meses pela Ordem dos Médicos. O médico tem pendentes na Ordem pelo menos sete outros processos, cinco deles referentes a 2013, 2014, 2015, 2017 e 2019. Na passada segunda-feira deram entrada mais duas queixas, sendo uma delas a dos pais do bebé Rodrigo, caso conhecido como o do bebé sem rosto. E em breve entrará uma nova: ao Observador, Vanessa Ferreira, mãe de uma bebé que nasceu com duas vaginas, dois retos, dois úteros, espinha bífida e só um rim — e que já vai para a sexta cirurgia –, confirmou que vai apresentar queixa contra o obstreta.