O Bloco de Esquerda defendeu esta segunda-feira na Assembleia Municipal do Porto que, ao invés do projeto do El Corte Inglés, o terreno da antiga estação ferroviária da Boavista deveria albergar um “projeto de habitação pública”.
“Na opinião do Bloco de Esquerda este é um projeto que a cidade não precisa, não quer e deve recusar, como a Câmara Municipal do Porto recusou ao longo destes anos”, afirmou o deputado Pedro Lourenço.
Durante a sua intervenção, o deputado bloquista pediu ao presidente da autarquia, Rui Moreira, para “indeferir o PIP (Pedido de Informação Prévia)”, que na passada segunda-feira deu entrada na Câmara do Porto, e negociar com as Infraestruturas de Portugal (IP) um “melhor negócio”.
Negoceie com as Infraestruturas de Portugal um melhor negócio e faça ali um projeto de habitação pública, a custos controlados e que coexista com espaços verdes”, referiu.
Em resposta ao deputado, Rui Moreira afirmou não “poder diferir PIP” e sobre essa matéria não poder “adiantar mais nada”. “Sobre essa matéria não lhe posso responder nos termos que me coloca, não lhe posso adiantar mais nada (…) Não me venha perguntar se eu defiro ou não defiro PIP porque não me apetece ter um processo crime”, concluiu.
Na passada segunda-feira, o grupo espanhol confirmou à Lusa que o PIP do projeto do El Corte Inglés projetado para o terreno da antiga estação ferroviária da Boavista já tinha dado entrada na Câmara do Porto, não adiantando, contudo, qual a área total do projeto.
Será, posteriormente e em função das possibilidades que daí resultarem, que exploraremos as várias opções de formato para aquela localização, sendo certo que o nosso objetivo é a valorização do local”, afirmou o El Corte Inglés em resposta a um pedido de esclarecimento.
Questionado sobre os prazos para arranque e conclusão do projeto, o grupo espanhol preferiu “não se pronunciar”.
No início do mês de outubro, numa resposta escrita, a cadeia espanhola frisava que o terreno na Boavista, no Porto, onde a empresa espanhola queria instalar em 2003 uma loja, “é uma localização estratégica” que “continua a fazer sentido do ponto de vista comercial”.
A intenção do grupo espanhol de retomar o projeto de 2003 levou à criação de uma petição online que desde a sua criação, em 27 de setembro, conta com já 3.990 subscritores.
No texto dirigido ao presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, defende que “a criação de mais um centro comercial, também com valências de hotelaria e ginásio”, de acordo com o que foi avançado, em julho, pelo vereador da Economia, Turismo e Comércio, Ricardo Valente, “é absolutamente desnecessário nesta zona que já está repleta de centros comerciais, unidades hoteleiras e ginásios“.
Já em outubro, num texto de apoio àquela petição, a Associação Campo Aberto desafiou a Câmara do Porto a escolher entre “atafulhar” a cidade ou ter a coragem de “arborização” os espaços que restam, sublinhando que nada a obrigada a aprovar um El Corte Inglés na Boavista.
O caso levou também o Bloco de Esquerda a emitir um comunicado, no dia 15 de outubro, onde denuncia a falta de transparência sobre contratos entre a Infraestruturas de Portugal e o El Corte Inglés que estendem até 2021 a opção de compra do terreno na Boavista.
À data, o Grupo Parlamentar do Bloco de Esquerda (BE) revela que solicitou à Infraestruturas de Portugal (IP), a 29 setembro, “a disponibilização da cópia do contrato inicialmente celebrado em 2000 entre o El Corte Inglés e a ex-Refer, e ainda dos acordos adicionais que o renovaram sucessivamente desde 2013 até 2021”, não tendo obtido resposta até àquele momento.