A companhia aérea portuguesa EuroAtlantic Airways foi vendida à sociedade de aviação Imperial Jet (I-Jet Aviation), sediada no Luxemburgo, apurou o Observador. A operação de venda foi comunicada aos funcionários da EuroAtlantic, por email, no final da semana passada.

“A empresa Imperial Jet (I-Jet) liderada por Mr. Abed El Jaouni comprou as ações juntamente com o fundo de investimento Njord Partners“. Esta foi a informação passada pela transportadora aérea de serviços charter e leasing (aluguer) de aviões comerciais aos seus trabalhadores. O acionista único, Tomaz Metello, “concretizou a venda da sua participação à I-Jet Aviation PT [detida pela I-Jet] passando esta a ser o nosso novo acionista”, acrescentou. O Observador contactou a EuroAtlantic para mais esclarecimentos, mas a empresa remeteu uma resposta para mais tarde. Já a I-Jet Europe remeteu mais explicações sobre o negócio para segunda-feira.

A intenção de venda começou por ser revelada pelo jornal Publituris, em setembro de 2018. À publicação, Tomaz Metello disse que a companhia deveria “ficar num investidor que está interessado”. O Jornal Económico acrescentava que a operação seria concluída até ao final de setembro daquele ano por um valor de 116 milhões de euros.

Em julho deste ano, a I-Jet Aviation foi associada pela primeira vez à operação, depois de a Autoridade da Concorrência (AdC) ter anunciado que tinha sido notificada da intenção de compra da EuroAtlantic pela I-Jet Aviation PT [que “não exerce quaisquer atividades em Portugal”]. Dizia o anúncio da AdC que a operação de concentração de empresas pretendia a “aquisição do controlo exclusivo” da empresa portuguesa, “através da aquisição de ações representativas de 95% do capital social” da companhia portuguesa. A partir da data da publicação do anúncio, os potenciais interessados poderiam pronunciar-se.

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Em comunicado, após a publicação da notícia, a EuroAtlantic respondeu que as partes se encontravam “em processo de negociação com o objetivo de uma eventual venda, não tendo, contudo, a mesma sido concretizada até ao momento”. A operação, sabe agora o Observador, foi concluída e anunciada aos trabalhadores na semana passada.

Já numa decisão de agosto, a AdC concluiu que a “operação de concentração não se encontra abrangida pela obrigação de notificação prévia”, uma vez que I-Jet “não realiza qualquer volume de negócios em Portugal”.  Adiantou ainda que solicitou um parecer sobre a operação à Autoridade Nacional da Aviação Civil (ANAC), “que não levantou qualquer objeção alguma à operação“.

Segundo informação no Portal da Justiça, a I-Jet Aviation PT diz dedicar-se “à gestão de participações sociais de outras sociedades como forma indireta do exercício de atividades económicas”. Foi constituída no início de julho, tem um capital social de um euro e é detida pela I-Jet Aviation S.À.R.L., com sede no Luxemburgo.

O novo dono da EuroAtlantic, Abed El Jaouni, fundou várias empresas nos ramos do imobiliário e da aviação. Começou a carreira como piloto na companhia aérea alemã Lufthansa e criou a Cirrus Middle East (agora I-Jet), em 2004, no Líbano.

Já a EuroAtlantic foi criada em 1993 por Tomaz Metello. Está registada em Portugal e, segundo informação da empresa, opera em rotas no Atlântico Norte (EUA e Canadá), Caraíbas, Américas Central e do Sul, África, Médio Oriente, Pacífico, Austrália e Oceânia. Até à venda era detida a 100% por Metello, depois de, em 2017, o empresário ter adquirido a maioria do capital ao Grupo Pestana. No ano passado, registou lucros de 6,8 milhões de euros, uma descida acentuada face aos 16 milhões de 2017.

Este ano, a transportadora anunciou que iria vender a participação de 40% na transportadora aérea são-tomense STP Airways, após um acordo com o governo do país. “Chegámos a um acordo com o governo de que sairíamos no fim de outubro… Fizemos um levantamento do que achávamos que a empresa valia e fizemos a proposta”, disse à Lusa, em setembro, Tomaz Metello. Em junho, o governo de São Tomé anunciou a intenção de terminar o contrato com a EuroAtlantic para a gestão da STP Airways.

Governo de São Tomé repudia ameaças da companhia aérea portuguesa Euroatlantic