O secretário-geral da CGTP, Arménio Carlos, defendeu este sábado que a posição da Confederação Empresarial de Portugal (CIP), no que se refere à subida do salário mínimo, continua a pautar-se pelo erro e pela tentativa de manipulação.

O presidente da CIP, António Saraiva, defendeu, em entrevista à TSF e ao Dinheiro Vivo, que a decisão do Governo de impor 635 euros como salário mínimo não tem “racionalidade económica”, acrescentando que o “grande beneficiário” vai ser o Estado, arrecadando do diferencial dos impostos cerca de 126 milhões de euros por mês.

“Essa posição do presidente da CIP não é nova, mas tem aqui uma nuance. Foi também a CIP que, há uns anos atrás, quando se falou na possibilidade de se aumentar o salário mínimo nacional, avançou com a visão catastrófica de que ia haver desemprego e encerramento das empresas”, defendeu Arménio Carlos.

Para o líder da intersindical, apesar de a vida ter demonstrado que a CIP estava errada, a posição da confederação continua a pautar-se “pelo erro” e mesmo por “uma tentativa de manipular, mentir, enganar e criar uma situação de dramatização junto da opinião pública para tentar justificar o que não tem justificação”.

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O sindicalista notou ainda que, em 2001, os salários tinham um peso de 39% no Produto Interno Bruto (PIB) e, no final de 2017, 35%.

“É disto que os patrões têm medo e é por isso que querem fazer um acordo por cima, porque tendo diminuído o desemprego, tendo aumentado a procura, tendo melhorado a economia, hoje as empresas para contratarem trabalhadores têm que pagar um pouco mais”, vincou.

Arménio Carlos assegurou, ainda, que António Saraiva não quer aumentar os salários e “ainda não percebeu ou não quer perceber” que a subida do rendimento é “indissociável do melhor funcionamento das empresas”.

A proposta que o Governo apresentou, em 13 de novembro, para o valor do salário mínimo nacional, de 635 euros no próximo ano, não mereceu o acordo dos parceiros sociais.

Na altura, à saída da reunião da Concertação Social, Arménio Carlos, disse que o valor apresentado pela ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, Ana Mendes Godinho, é “insuficiente” tendo em conta a evolução da economia.

Já o líder da UGT, Carlos Silva, afirmou que, “se houvesse acordo para ser assinado”, da parte da central sindical “estaria assinado”.

O presidente da CIP considerou que 635 euros para 2020 é “um objetivo ambicioso, tal como o objetivo para 2023”, de atingir 750 euros.

A ministra do Trabalho, por seu turno, disse que “nunca houve o objetivo de um acordo” e que a fixação do salário mínimo para 2020 é “o início de um caminho” que arranca com a discussão da política de rendimentos e competitividade, cuja primeira reunião está marcada para dia 27.