Manuel de Lemos, que este sábado será reconduzido enquanto presidente da União das Misericórdias, garante que os cuidados continuados de longa duração estão em risco por falta de financiamento. Ao Jornal de Notícias, afirma que o Governo precisa de aumentar o valor da comparticipação por utente já em janeiro, caso contrário poderá estar em causa o fecho de valências ou a redução de camas. A comparticipação diária por utente é de 62,15 euros. O aumento proposto pelas misericórdias é de seis a sete euros. No final de 2018, refira-se, o tempo de espera rondava os 67,1 dias em Lisboa e Vale do Tejo, onde existe mais procura.

Com  o impacto do aumento do salário mínimo, se não houver uma correção extraordinária no que diz respeito à longa duração, haverá unidades a fechar. E até já houve provedores que me disseram que, se não houver uma correção extraordinária, as unidades vão ter que fechar porque são insustentáveis. Os pagamentos estão em dia, o que são é insuficientes”, diz Manuel de Lemos à Rádio Observador.

Manuel de Lemos em declarações à Rádio Observador

À Rádio Observador, Manuel de Lemos explica que a comparticipação do Estado, ao abrigo do pacto de cooperação para a solidariedade, assinado em 1998, era António Guterres primeiro-ministro, devia situar-se algures entre os 50% e os 70%. “Está em 37%, 40%, 41%…  Há aqui uma enorme décalage. Não é culpa deste Governo, obviamente, mas sim o resultado de um percurso que se fez na sociedade portuguesa. Temos de cuidar dos nossos idosos.” A alternativa, diz, é as pessoas ficarem “a encher as camas dos hospitais e a custarem uma brutalidade”. E uma cama hospitalar custa sempre “entre 4 ou 5 vezes mais do que custa uma cama de longa duração”.

Manuel de Lemos em declarações à Rádio Observador

Manuel de Lemos insiste que quer “continuar a seguir as pessoas com dignidade e qualidade” e que isso custa dinheiro. “Todos nós concordamos com o salário mínimo. Até achamos que todos os nossos trabalhadores ganham pouco, sobre isso não há discussão. No plano coletivo… como empresa privada não podemos fazer repercutir no preço o impacto do salário mínimo, não conseguimos. Para além do Estado, quem é que ajuda a comparticipar? As reformas baixas e fixas e as comparticipações das famílias — as famílias, toda a gente sabe, estão completamente esticadas. A reposta está do lado do Estado”, reitera em declarações à Rádio Observador.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR