Os insultos, os apupos e todas as situações chocantes que ocorreram com a saída de Luís Figo do Barcelona para o Real Madrid, em 2000, parecem ser um assunto arrumado na cabeça do jogador português. Aliás, segundo o próprio, nem na altura o afetaram, ao contrário do que as pessoas pensam. E se tiver de ir à cidade catalã, vai. Sem medos. “Se tiver de ir a Barcelona, vou. Como dizem no meu país: ‘Se tens medo, compra um cão’ e eu tenho três”, afirmou o antigo jogador ao El País.
Numa entrevista ao jornal espanhol, o português abordou temas como o rumor de uma alegada relação com Pep Guardiola, a homossexualidade no mundo do futebol e os caprichos a que se permite agora que está reformado: champanhe e vinho. E ainda revelou detalhes da sua transição do Barcelona para a equipa madrilena.
Na altura, o presidente do Real Madrid tinha dito que se vencesse as eleições do clube, ‘roubaria’ o jogador ao rival catalão, algo que acabou mesmo por acontecer. Figo diz que não queria sair do Barcelona, tencionava apenas tirar partido do interesse do Real. No entanto, quando se reuniu com o presidente do clube e lhe disse que Florentino Pérez estava disposto a pagar os 10 mil milhões de pesetas da sua cláusula de rescisão — o que corresponde, atualmente, a 60 milhões de euros —, Josep Lluís Núñez respondeu-lhe que poderia ir, se a sua saída trouxesse dinheiro ao clube.
Começou com uma teimosia de Núñez, que talvez não acreditasse [que fosse efetivamente sair]. Mas a coisa foi crescendo e, no final, aconteceu o que aconteceu.”
E o que aconteceu deixou os adeptos do Barcelona em choque e revoltados. Chamaram-no de “Judas” e de traidor — ainda hoje o fazem — e insultaram-no. No primeiro jogo entre as duas equipas, no estádio do Barcelona, assobiaram de cada vez que o jogador tocava na bola.
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E quem consegue esquecer o jogo, em 2002, em que atiraram uma cabeça de leitão para o relvado do Camp Nou? “Gosto muito de leitão“, diz o jogador. Luís Figo diz que, na altura, não ficou perturbado com o que se passou. “Não vejo muito as imagens, porque não sou [pessoa] de reviver o passado. Não passei mal nesses dias. As pessoas pensam que sim, mas a verdade é que não. Foi uma experiência para amadurecer. Há pessoas que gostam de falar desse jogo, de o tornarem mítico, mas para mim foi [só] mais um dia.”
E garante que não evita ir a Barcelona: “Não renego o meu passado, só tenho coisas boas a dizer da cidade, mas não vou muito porque, atualmente, não tenho muito a fazer lá. Mas se tiver de ir a Barcelona, vou.”