Um médico de clínica geral e um paciente de 21 anos agrediram-se mutuamente, no Centro de Saúde de Moscavide, em Lisboa, depois de o profissional de saúde se ter recusado a passar uma baixa médica.

Segundo adiantou o Comando Metropolitano de Lisboa da PSP ao Observador, Vítor Manuel Silva Santos, de 66 anos, não acedeu ao pedido do jovem, que começou por atirar alguns objetos que se encontravam na secretária do médico. Segundo os relatos de ambos os envolvidos às autoridades, as agressões foram mútuas e só cessaram com a intervenção de um vigilante da unidade de saúde.

A ocorrência deu-se pelas 15h18 de 31 de dezembro. A Polícia de Segurança Pública tomou conta da ocorrência, que já foi comunicada ao Ministério Público.

Segundo esta força policial, o mesmo homem foi na quinta-feira, pelas 10h10  ao Centro de Saúde do Prior Velho onde, mais uma vez, tentou que lhe passassem baixa médica, mas sem sucesso. O jovem de 21 anos exaltou-se, mas não terá agredido fisicamente o médico, que não apresentou queixa.

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Esta é a segunda agressão a um profissional de saúde no espaço de uma semana.

O presidente do Sindicato Independente dos Médicos, Jorge Roque da Cunha, considera que o ministério da Saúde tem de saber responder a estes incidentes. “É fundamental que a senhora ministra da Saúde responda a uma simples pergunta: o que é que pretende fazer para mitigar esta situação, para a diminuir e para terminar o sentimento de impunidade de que estes agressores têm usufruído nestes últimos anos?”, disse à rádio Observador. “Aquilo que aconteceu obrigava pelo menos a alguma medida de limitação ou de coação para que este tipo de comportamento não seja repetido”, continuou.

As notícias das 10h

Médica foi agredida por utente no Hospital de São Bernardo em Setúbal

ARS repudia agressão a médico e garante apoio a profissionais de saúde

A Administração Regional de Lisboa e Vale do Tejo repudiou a agressão a um médico do centro de saúde de Moscavide ocorrida na tarde de terça-feira, manifestando apoio e solidariedade.

“A ARSLVT repudia veementemente este e todos os atos de violência perpetrados contra profissionais de saúde. Qualquer ato de violência é condenável, pelo que agressões em centros de saúde e hospitais motivam especial preocupação pelo facto de as vítimas serem profissionais que todos os dias dão o seu melhor pela saúde e bem-estar dos utentes”, refere uma nota da administração regional hoje divulgada.

A administração regional garante ainda que vai pugnar para que “a violência nas unidades de saúde não aconteça”.

Mais de 600 incidentes de violência contra profissionais de saúde foram registados nos primeiros seis meses de 2019, sendo que a maioria das notificações respeitam a assédio moral ou violência verbal. Os dados disponibilizados pela Direção-geral da Saúde mostram um acumulado ao longo dos anos de 4.893 notificações de violência contra profissionais de saúde até final de junho de 2019.

Entre o final de 2018 e o fim de junho de 2019 registou-se um acréscimo de 637 incidentes de violência. Assim, durante o primeiro semestre de 2019, a Direção-geral da Saúde (DGS) recebeu uma média mensal de 100 casos de violência contra os profissionais de saúde.