O abuso teria acontecido em junho de 2017, no parque de estacionamento da discoteca Olivia Valère, em Marbella, uma cidade no sul de Espanha. O agressor seria o jogador de futebol francês Theo Hernández, que à data tinha acabado de assinar pelo Real Madrid, depois de ter feito uma das suas melhores temporadas no Alavés, o clube onde jogava. A vítima? Luisa Kremleva, uma modelo com dupla nacionalidade russa e espanhola.

Agora, cerca de dois anos de meio depois, a modelo foi detida por alegadamente ter inventado que foi violada, escreve o jornal espanhol Diário Sur. O Ministério Público pediu a sua prisão e, apesar de Luisa Kremleva não ter sido imediatamente localizada, acabou por ser detida esta segunda-feira.

De acordo com a queixa apresentada pela modelo, citada pelo mesmo jornal, Theo Hernández teria forçado a suposta vítima “a continuar a relação sexual que ambos tinham iniciado livremente, na parte de trás do carro” do jogador de futebol. A modelo explicou que, a dada altura, decidiu não continuar o ato sexual e, apesar de o jogador não ter aceitado, teria conseguido fugir. Depois, lê-se ainda na queixa:

[Theo Hernández] abriu a porta do carro e atirou-a [a modelo] para o chão de joelhos, magoando-a e levando-a, em estado de choque, de volta à discoteca”.

Na sequência das acusações feitas pela modelo, a polícia entrou em ação para averiguar a veracidade dos factos. Mas da ação policial, realizada a 4 de junho de 2017, apenas resultaram dúvidas e Theo Hernández acabou por não ser detido. A juíza também optou por deixar o jogador em liberdade, tendo mesmo arquivado o caso dois dias depois, com o apoio do Ministério Público.

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Theo Hernández joga atualmente no clube italiano AC Milan

No entanto, o tribunal detetou várias “contradições” no depoimento. Desde logo, as imagens de videovigilância da discoteca mostram Luisa Kremleva a sair às seis da manhã do estabelecimento, acompanhada pelo jogador. As filmagens revelam que a modelo “tropeçou e caiu de joelhos, colocando a mão direita no chão”. Cerca de 15 minutos depois, alega o tribunal, “quando a agressão já teria supostamente ocorrido, ambos regressam ao estabelecimento conversando de maneira amigável, não aparentando que nada de anormal tinha ocorrido — pelo contrário”. As câmaras de videovigilância gravaram ainda o momento em que, às 7h00, a modelo entrou em confronto com três outras raparigas que estavam com o jogador.

O tribunal aponta também que às 6,23 horas, a modelo enviou uma mensagem no WhatsApp para Theo Hernández a perguntar “repetidamente” se podia encontrar-se. Mais: a modelo ligou ao jogador, que não atendeu. O tribunal considerou que estas atitudes não têm “lógica”, tendo em conta que vieram de “uma pessoa que, segundo ela, tinha acabado de ser violada”.