Sindika Dokolo, colecionador de arte congolês e marido da empresária angolana, sugeriu à rádio RFI Afrique que o momento da investigação em redor do universo Isabel dos Santos é “suspeito”. Segundo ele, ocorre quatro anos depois de um dos escritórios de advocacia de que são clientes, a PLMJ, ter sido hackeado.
“Sabíamos que várias das nossas outras empresas já tinham sido alvo de um hacker português, esses documentos foram mantidos e são usados hoje para arrebatar os nossos ativos no exterior. Eles usam a imprensa para manipular opiniões e governos estrangeiros”, acusou Sindika Dokolo, sem revelar o nome desse pirata informático.
O Jornal Económico diz que Sindika Dokolo se refere a Rui Pinto, que vai a julgamento por 90 crimes por decisão do Tribunal de Instrução Criminal de Lisboa — um crime de tentativa de extorsão, seis de acesso ilegítimo, 68 de acesso indevido, 14 de violação de correspondência e um de sabotagem informática.
Em entrevista, Sindika Dokolo fala de um “Armagedão”: “O regime alega fazê-lo em nome da luta contra a corrupção, mas não ataca os agentes de empresas públicas acusadas de peculato, apenas uma família que atua no setor privado”, apontou o congolês, apontando o dedo ao presidente de Angola, João Lourenço.
O Consórcio Internacional de Jornalistas de Investigação publicou este domingo uma grande investigação que revela como Isabel dos Santos terá erguido um império multimilionário, que está sob suspeita por alegadamente ter desviado dinheiro da Sonangol para paraísos fiscais como o Dubai. A investigação juntou 37 jornais de 20 países que analisaram 715 mil documentos enviados por uma plataforma africana que protege denunciantes.
A investigação está a ser referida como Luanda Leaks e afirma que a filha do ex-presidente do Angola desviou 115 milhões de dólares (o equivalente a 104 milhões de euros) da Sonangol enquanto era presidente da empresa para contas em offshore. Isabel dos Santos nega a autoria destes crimes fiscais, afirma que todos os documentos são falsos diz-se inocente e denuncia estar a ser vítima de racismo e de preconceito.