A coordenadora do BE defendeu esta sexta-feira que não devia ser permitido a Isabel dos Santos vender a participação nas empresas portuguesas levando assim “o dinheiro roubado ao povo angolano” para um offshore, instando o Governo a dialogar com Angola.
“Sem prejuízo da justiça fazer o seu caminho — tanto sobre Isabel dos Santos como outros elementos da cleptocracia angolana que têm os seus interesses em Portugal, mas também sobre os portugueses que foram cúmplices com estes roubos ao longo dos anos e com esta lavagem de dinheiro — o Governo português não pode desinteressar-se do futuro de empresas que são estratégicas para Portugal”, defendeu a líder bloquista, Catarina Martins, aos jornalistas, em Lisboa.
Para Catarina Martins, é claro que a empresária angolana “não pode ter nem mais uma palavra em nenhuma destas empresas” como é a Efacec, a Nos ou o Eurobic.
“A justiça deve atuar, os reguladores também devem atuar e não devia ser permitido a Isabel dos Santos vender a sua participação e com isso consumar este assalto ao povo angolano, levando o dinheiro destas participações que ela comprou com o dinheiro roubado ao povo angolano para um qualquer ‘offshore'”, alertou.
Na perspetiva de Catarina Martins, “Isabel dos Santos está a vender o que não é dela, porque essas participações nas empresas foram compradas com o dinheiro do povo angolano”.
“E se ela pode vender livremente as suas participações nas empresas, depois pode pôr o seu dinheiro na Rússia, no Dubai ou num qualquer offshore e consumar o assalto, e Portugal está a ser cúmplice dessa consumação do assalto”, condenou.
Assim, para a coordenadora do BE, “isso não deve acontecer” e “é preciso que a justiça portuguesa atue para travar a continuação deste roubo ao povo angolano”.
E é preciso também que o Governo português inicie um diálogo com o governo angolano sobre o futuro destas empresas, porque são empresas importantes para o nosso país”, apelou.
Para Catarina Martins, “se foi até agora absolutamente irresponsável fechar os olhos à cleptocracia angolana, seria agora também irresponsável fechar os olhos às responsabilidades que há em empresas portuguesas para as quais é preciso ter uma estratégia“.