O Congresso Nacional da Reconstrução Timorense (CNRT) afirma que só aceita negociar qualquer novo executivo se o Presidente da República, Francisco Guterres Lu-Olo, recuar e der posse aos ministros do partido. O chefe de bancada do maior partido da coligação do Governo de Timor, Duarte Nunes, afirma que esta é a “pré-condição” da força política.
A condição imposta pelo partido é que caso formemos outro Governo, o Presidente tem de dar posse a estes elementos indigitados, à lista que o primeiro-ministro apresentou. É a única condição que esta imposta”, afirmou Duarte Nunes em declaração à Lusa.
Lu-Olo explicou aos jornalistas que os participantes do encontro promovido pelo líder do CNRT, com figuras históricas do país, concordaram que convocar eleições antecipadas é o “último recurso” para resolver a crise no país, que os partidos no parlamento devem encontrar uma solução e que, até lá, o primeiro-ministro Taur Matan Ruak continua em plenitude de funções.
Xanana Gusmão, por seu lado, afirmou no fim de semana em entrevista televisiva que eleições antecipadas são a única solução “justa e democrática” para a crise política no país, agravada em janeiro pelo chumbo do Orçamento Geral do Estado (OGE) de 2020. Esse chumbo, devido aos votos contra e abstenções dos deputados do CNRT, surge depois de meses de críticas do CNRT à decisão de Lu-Olo se recusar a dar posse a mais de uma dezena de membros do Governo, a maioria do partido de Xanana Gusmão.
Admitindo que ainda é possível que o CNRT participe numa solução governativa alternativa, Duarte Nunes disse que se “a posição do Presidente se mantiver, não há interesse do partido” em fazê-lo. Esta terça-feira, referiu, inclusivamente, no Parlamento, a contradição dos que tentam culpar o CNRT pela crise, continuando a fazer críticas ao partido e ao seu líder, Xanana Gusmão, ao mesmo tempo que querem que a força política aceite dialogar.
Eu penso que é uma contradição. Não há lógica de pensamento. Precisam da cooperação, da participação do CNRT e depois estão todos os dias a cantar, a gritar a inventar as coisas contra o CNRT”, afirmou.
Relativamente à situação da Aliança de Mudança para o Progresso (AMP), a coligação pré-eleitoral do Governo, Duarte Nunes não concretizou se haverá ou não dissolução formal e disse que o “entendimento” é de que o atual primeiro-ministro “entrega a pasta” se houver uma solução alternativa.