A economia portuguesa terá crescido 2% em 2019 e deverá ter um aumento do PIB de 1,7% este ano e no próximo, segundo as previsões da Comissão Europeia, que se mantêm inalteradas face aos números que tinham sido avançados em novembro. Para este ano, Bruxelas é mais otimista em uma décima face às últimas contas do Governo e está em linha com as previsões do Banco de Portugal e do Conselho das Finanças Públicas.

A análise divulgada pela Comissão, no âmbito do boletim de Inverno, continua a apontar a procura interna como “o maior fator de crescimento” em Portugal e espera uma “influência negativa amplamente estável” da balança comercial.

Para a zona Euro, a Comissão também mantém as perspetivas de um crescimento de 1,2% em 2020 e 2021, mas para a União Europeia já está ligeiramente mais pessimista, prevendo agora 1,4% nos dois anos, menos uma décima do que tinha previsto no boletim de outono.

Para este ano, Malta (4%), Roménia (3,8%) e Irlanda (3,6%) lideram as previsões, enquanto Itália continua a ser o parente pobre do crescimento europeu (0,3%), seguido de Alemanha e França (ambos com 1,1%), Bélgica e Suécia (1,2%), Holanda e Áustria (1,3%).

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Bruxelas prevê crescimento de 2% para este ano e torna-se mais otimista do que Governo

Valdis Dombrovskis, vice-presidente da Comissão Europeia, considera que, “apesar de um ambiente desafiador, a economia europeia mantém-se num caminho estável, continuando a criar empregos e a ter aumentos de salários”, mas também avisa para os “potenciais riscos no horizonte: um panorama geopolítico mais volátil”. Recomenda, por isso, aos estados-membros que usem esta janela de oportunidade para que insistam “em reformas estruturais e fortaleçam o crescimento e a produtividade”. Além disso, “países com elevada dívida pública”, como Portugal, devem “seguir políticas orçamentais prudentes”, defende Dombrovskis.

Apesar de reconhecer que “alguns riscos desvaneceram”, a Comissão Europeia avisa que há novos riscos a aparecer, como “o surto de coronavirus ‘2019-nCoV’, com as suas implicações para a saúde pública, a atividade económica e o comércio, em especial na China”. A Comissão Europeia acredita que o pico deste surto vai ter lugar nos primeiros três meses do ano, com impacto relativamente limitado no mundo, mas avisa que “quanto mais durar, mais elevada a possibilidade de efeitos em cadeia sobre o sentimento económico e as condições financeiras globais”.

As incertezas comerciais também não foram dissipadas: “A fase 1 do acordo comercial entre EUA e China ajudou a reduzir os riscos descendentes, mas o alto nível de incerteza em torno da política comercial norte-americana permanece uma barreira a uma recuperação mais alargada do sentimento das empresas”.

Bruxelas indica ainda “as convulsões sociais na América Latina”, que põem em causa a estabilidade económica da região; as “maiores tensões geopolíticas no Médio Oriente”, que “aumentaram o risco de conflito”; as incertezas na relação entre UE e Reino Unido, que, apesar de serem hoje “mais claras”, mantêm “uma incerteza considerável” sobre o futuro da parceria; e os riscos relacionados com as alterações climáticas — Bruxelas reconhece que são sobretudo de longo-prazo, mas avisa que “não podem ser descartados a curto-prazo”.

Por outro lado, a Comissão entende que “a economia europeia poderia beneficiar de políticas orçamentais mais expansionistas e amigas do crescimento e beneficiar de efeitos positivos mais benignas em alguns estados-membros”.