Os sindicalistas socialistas da CGTP-IN decidiram apresentar um candidato próprio ao cargo de secretário-geral da Confederação, segundo um comunicado enviado esta sexta-feira depois do primeiro dia dos trabalhos do congresso da central sindical. O nome indicado é o de Fernando Gomes e a intenção é concorrer com a candidatura de Isabel Camarinha já validada pelos órgãos internos da CGTP, mas as hipótese são quase nulas.
Segundo os estatutos da CGTP, cabe à comissão executiva a propor um candidato a secretário-geral e esse nome é o de Isabel Camarinha cuja indicação terá de ser validada nos órgãos que forem eleitos neste congresso. Esta sexta-feira o conselho nacional, composto por 147 dirigentes, foi eleito com 596 votos a favor. Dos 662 delegados ao congresso que podiam votar, exerceram esse direito 691 (95,3%).
Dos 147 dirigentes eleitos, 55 integram este órgão pela primeira vez e reforçam a presença das mulheres e dos jovens até aos 35 anos. Esta é uma das maiores renovações do Conselho Nacional desde a criação da CGTP, há 50 anos, mas não haverá grandes novidades no plano da diversidade política.
O conselho nacional vai reunir este sábado pela primeira vez para eleger a comissão executiva, com 29 elementos, e de seguida para eleger o secretário-geral. Apesar do concorrente indicado pelos socialistas, numa iniciativa inédita face a eleições anteriores, o facto de os comunistas representarem cerca de dois terços dos dirigentes da CGTP praticamente garante a eleição de Isabel Camarinha, militante do PC.
Os sindicalistas da tendência socialista justificam esta decisão como sendo “eminentemente político-sindical”. Defendem uma estratégia que implique “a independência sindical da CGTP-IN face aos partidos e as práticas de unidade e democracia sejam cada vez mais efectivadas e aprofundadas”. E argumentam que a “conhecida e assumida militância de Isabel Camarinha na Corrente Sindical do PCP levanta sérias preocupações de que, com a sua eleição, passe a existir ainda uma maior aproximação da CGTP-IN ao PCP.”
Esta candidatura de Fernando Gomes, acrescenta o comunicado, “é suportada no conjunto de propostas de alteração apresentadas para o programa de acção da CGTP-IN que esta sexta-feira e amanhã serão discutidas e votadas em congresso.”
Os socialistas são uma das tendências da CGTP. Já esta terça-feira, a corrente bloquista tinha atacado o que considerou um fechamento sectário da central sindical, na sequência da escolha de nomes para os novos órgãos da central sindical.
Tendência bloquista critica “fechamento sectário da CGTP” na escolha dos novos órgãos
Fernando Gomes é membro do conselho nacional da central, está na comissão executiva desde 2001 e no secretariado — órgão liderado pelo secretário-geral — desde 2004. É membro da direção do Sindicato dos Trabalhadores da Hotelaria, Turismo, Restauração e Similares do Sul e trabalhador do Grupo Pestana Pousadas, tem 50 anos, é natural de Marvão, distrito de Portalegre.