O álbum Respeitosa Mente, de Ricardo Ribeiro, já não está nomeado para Melhor Álbum de Fado nos prémios Play, que terão este ano a sua segunda edição e que pretendem ser uma celebração anual do melhor que se vai ouvindo na música portuguesa. Após uma nomeação inicial, a organização acedeu a retirar a inclusão do disco na lista dos nomeados para esta categoria a pedido do autor, que considera que o seu álbum não é um disco de fado.

Em comunicado publicado nas redes sociais, o fadista e cantor português refere que “sempre disse que este álbum não é de Fado” e acrescenta que “se um dia será Fado, cabo ao tempo e aos Homens a decisão: ‘Hoje não é, Amanhã não sei”. A última expressão é reminescente do penúltimo álbum de Ricardo Ribeiro, Hoje É Assim, Amanhã Não Sei, editado em 2016.

Por uma questão de princípios e valores que me regem, recusei a nomeação. Agradeço a gentileza e generosidade dos prémios Play por reconhecerem o que faço. Que os prémios Play continuem por muito tempo, porque a Música e os Músicos de Portugal merecem”, aponta ainda Ricardo Ribeiro.

Também a organização dos prémios, que pretendem ser uma espécie de “Grammys” da música nacional, confirmou o sucedido, referindo que “não obstante tal álbum ter sido candidatado e selecionado pelo Comité de Nomeação (e como tal divulgado), é entendimento do artista Ricardo Ribeiro que este trabalho não deve ser integrado na categoria de fado, entendimento que, para a PassMúsica, promotora dos Play, é soberano e assim será respeitado”.

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Aquando do lançamento do álbum, em entrevista ao Observador, Ricardo Ribeiro sublinhava já que tinha “necessidade de dizer que este não é um disco de fados porque não me é permitido dizê-lo, porque não o é efetivamente”. O cantor detalha o porquê de essa convicção: “Desde logo não canto quadras, quintilhas, sextilhas, alexandrinos ou decassílabos. Não canto métricas dos fados e não canto melodias que sejam identificadas como sendo de fados, que tenham essa linguagem. Um indivíduo que vem do Alentejo tem o seu sotaque — e muito bem, assim seja para sempre. Existem formas de linguajar e o fado tem a sua própria linguagem, é uma expressão idiomática do povo português. Salvaguardo sempre esta questão porque o disco não é de fado”.

Ricardo Ribeiro. “Devo tudo à música e ao fado: o carro, a casa alugada, a comida que ponho na boca e a vida”

Para Melhor Álbum de Fado do último ano, ficam agora nomeados os discos Aqui Está-se Sossegado, de Camané e Mário Laginha, Roubados, de Aldina Duarte, Um Fado ao Contrário, de Pedro Moutinho e Puro, de Matilde Cid, informa a organização.

Na categoria Melhor Grupo, estão nomeados as bandas Capitão Fausto, The Gift, Mão Morta e Expensive Soul. Na categoria de Melhor Artista Masculino, estão nomeados Slow J, Salvador Sobral, Diogo Piçarra e Fernando Daniel, enquanto para Melhor Artisto Feminino concorrem Aldina Duarte, Lena D’Água, Ana Bacalhau e Blaya.

Para Melhor Álbum estão nomeados A Invenção do Dia Claro, dos Capitão Fausto, You Are Forgiven, de Slow J, Aqui Está-se Sossegado, de Camané e Mário Laginha, e #FFFFFF, de ProfJam. Já para Melhor Canção foram selecionados os temas “Amor, a nossa vida” dos Capitão Fausto, “Também Sonhar” de Slow J e Sara Tavares, “Bairro” dos Wet Bed Gang e “Bússola” de Nenny.

A cerimónia de entrega dos Play está marcada para as 21h de 25 de março, será apresentada pela dupla Filomena Cautela e Inês Lopes Gonçalves e será transmitida em direto na RTP1, RTP Internacional, RTP África e RTP Play (‘online’).

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Os Play, segundo a Agência Lusa, são uma iniciativa da associação PassMúsica, que representa artistas, bandas e editoras discográficas, em parceria com a RTP e a Vodafone, e pretende premiar “a melhor música consumida em Portugal”, como afirmou Paulo Carvalho, um dos responsáveis dos prémios, numa apresentação aos jornalistas em março do ano passado.