Para lá dos 75.121 casos de coronavírus confirmados em todo o mundo e as 2005 mortes confirmadas pela autoridades chinesas, há uma empresa que também está a sofrer diretamente os efeitos do coronavírus: a Apple.

O alerta foi assumido pela própria empresa, que numa nota enviada aos investidores na noite de segunda-feira onde assumia que iam falhar as metas de receitas operacionais para o trimestre que termina em março. Já no dia seguinte, esta terça-feira, após esta nota da Apple e também notícias que apontavam para uma incertidão a curto-médio prazo quanto à produtividade daquela empresa na China, as suas ações caíram 2,6%. Feitas as contas, é uma desvalorização de 34 mil milhões em apenas um dia, um valor semelhante às economias da Estónia ou da Letónia.

A Apple encontra-se no meio de uma tempestade perfeita, em que os efeitos do coronavírus na China, país onde a Apple tem grande parte da sua produção e também uma fatia considerável dos seus consumidores, afetam tanto a produção como as vendas da empresa.

“A produção está a ser retomada em todo o país, mas estamos a verificar um regresso às condições normais mais lento do que aquilo que esperávamos. Como resultado disso, não esperamos atingir as metas de receita operacionais que tínhamos assinalado para o trimestre de março”, lê-se nessa nota, onde são referidas duas razões para o abrandamento: primeiro, falhas na linha de abastecimento das fábricas da Apple na China; segundo, o facto de a maior parte das 42 lojas da Apple e que vendem produtos Apple estarem fechadas.

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Já nesta terça-feira, depois do anúncio da própria Apple, o Nikkei Asian Review, que citou fontes próximas da empresa norte-americana, disse que as metas de produção de 15 milhões exemplares do novo iPhone low-cost também não vão ser respeitadas. A produção em massa desse produto deveria começar no final de fevereiro, mas, atendendo ao impacto do coronavírus no universo Apple,

“Em média, os fornecedores [para o fabrico] de iPhones estão a operar com uma capacidade entre os 30% e os 50%”, disse outra fonte ao Nikkei Asian Review.

Em declarações à Reuters, uma pessoa próxima da Apple que pediu anonimato sublinha que, da mesma forma que aquela fabricante de telemóveis está a ter problemas por causa do coronavírus, também outras empresas do ramo tecnológico estarão a ver os seus números a descer.

“Se uma fábrica de componentes ficar fechada e eles forem o único fornecedor, então toda a gente tem de parar e esperar. E se houve dois fornecedores e um estiver parado, então o que sobrar terá de trabalhar mais”, disse essa fonte à Reuters.