O senador brasileiro Cid Gomes, irmão do ex-candidato presidencial Ciro Gomes, foi baleado na quarta-feira durante um protesto policial no estado do Ceará, nordeste do país, não correndo perigo de vida, informaram fontes oficiais.

“O senador Cid Gomes foi baleado com uma arma de fogo na tarde de quarta-feira” na cidade de Sobral, no Ceará, e encontra-se “estável”, num hospital da região, anunciou a assessoria do político em comunicado.

Cid Gomes, de 56 anos, e irmão do ex-candidato presidencial nas eleições de 2018 Ciro Gomes, encontrava-se em Sobral para mediar um protesto de polícias militares que exigiam um aumento salarial.

Vídeos partilhados nas redes sociais mostram o momento em que Cid Gomes tenta furar o bloqueio com a máquina retroescavadora e, logo depois, surgem disparos na direção do senador, que partem os vidros do veículo.

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Outras imagens mostram o político consciente e com a roupa manchada de sangue após os disparos.

Inicialmente, a assessoria do senador afirmou que ele tinha sido atingido por uma bala de borracha. Contudo, mais tarde informou que Cid Gomes foi, afinal, atingido por fogo real.

Ciro Gomes usou a rede social Twitter para comunicar o estado de saúde do irmão. “O meu irmão Cid Gomes foi vítima de dois tiros de arma de fogo por parte de polícias militares amotinados e mascarados em Sobral, a nossa cidade. Até aqui as informações médicas são de que as balas não atingiram órgãos vitais apesar de terem mirado [feito pontaria ao] seu peito esquerdo”, escreveu Ciro Gomes.

“Novos exames estão a ser feitos, mas a palavra aos familiares e amigos é de que Cid não corre risco de morte. Espero serenamente, embora cheio de revolta, que as autoridades responsáveis apresentem prontamente os marginais que tentaram este homicídio bárbaro às penas da lei”, acrescentou o ex-candidato à presidência do Brasil.

No boletim médico divulgado pelo hospital onde o senador foi atendido, foi confirmado o ferimento através de arma de fogo e a “boa evolução clínica” do político. “Neste momento o paciente encontra-se lúcido e a respirar sem auxílio de aparelhos”, refere o comunicado do Hospital do Coração.

Horas antes de ser baleado, Cid Gomes disse nas suas redes sociais estar impressionado com a atitude de quem deve dar segurança às pessoas e promover insegurança. “Não estou satisfeito com isso”, indicou o senador, informando que se estava a deslocar-se para Sobral, a sua terra natal e palco dos protestos policiais.

Na quarta-feira, um grupo de encapuzados esvaziou pneus de carros da polícia para impedir que os agentes de segurança atuassem nas ruas. Em frente ao bloqueio dos polícias, e dentro de uma retroescavadora, Cid pediu que os agentes abandonassem o local. “Vocês têm cinco minutos para pegarem nos seus parentes, as suas esposas e seus filhos e sair daqui em paz. Cinco minutos. Nem um a mais”, afirmou Cid, num megafone, tendo posteriormente avançado sobre os manifestantes, para tentar furar o protesto.

O presidente do Senado brasileiro, Davi Alcolumbre, disse no Twitter que acompanha o caso “com preocupação” e que pediu informações ao ministro da Justiça, Sergio Moro, e ao governador do Ceará, Camilo Santana, para “obter informações e garantir a segurança” de Cid Gomes.

Já o Ministério da Justiça e da Segurança Pública informou que enviou para o local agentes da Polícia Rodoviária Federal e da Polícia Federal, acrescentando que “está a acompanhar a situação no Ceará” e a analisar “as providências que podem ser tomadas”.