O grupo Alan Day, que possui uma rede de concessionários da Volkswagen no Reino Unido, afirmou na passada semana que as primeiras 35 unidades do ID.3 iriam chegar aos seus salões de exposição entre 28 e 29 de Março. A informação foi partilhada com o site financeiro ThisIsMoney, que rapidamente a tornou pública, forçando o construtor alemão a intervir, desmentindo o concessionário britânico e reafirmando que o ID.3 só vai aparecer nos stands a partir do Verão, altura em que começarão as entregas a clientes.

Talvez embalada por esta reprimenda ao concessionário inglês, o fabricante alemão entendeu que era chegada a altura de partilhar com o público uma informação já comunicada à rede de concessionários da marca: o ID.3, o primeiro eléctrico da nova vaga da Volkswagen, vai estrear uma nova forma de comercialização que, à primeira vista, parece evitar que a rede de vendas tenha direito a uma fatia tão generosa do preço final do modelo e dos outros eléctricos que se vão seguir.

O objectivo será permitir ao ID.3 ser proposto aos clientes por um preço inferior, consumindo uma parte da tradicional margem do concessionário, a quem terá sido proposto, em alternativa, novas formas de facturação para repor o valor perdido, agora através da venda de serviços.

De recordar que o ID.3 na versão base, com bateria de 48 kWh e autonomia de 330 km, será comercializado na Europa por um valor médio próximo de 30.000€, um preço muito competitivo, pois coloca-o abaixo do custo de muitos eléctricos de menores dimensões e ao mesmo nível de outros. A oferta será completada por versões com baterias de 55 kWh e 420 km, com a versão mais sofisticada a oferecer 77 kWh e 550 km entre recargas.

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É assim que vai funcionar a relação entre construtor e rede de “agentes” com os veículos eléctricos, já a partir do ID.3

A nova forma de comercialização parece ser específica para a Alemanha, pelo menos de momento, com o construtor a anunciar que já foi alcançado um acordo com o Volkswagen und Audi Partnerverband, essencialmente a associação da rede local. A principal alteração passa por ser a própria marca a vender o veículo ao cliente, com o concessionário a intervir em algumas fases do negócio e a ser pago de acordo com o seu envolvimento caso a caso.

Os novos contratos assinados com a rede alemã, em que os concessionários passam a ter estatuto de agência na venda de veículos eléctricos, segundo a Volkswagen, vão entrar em vigor em Abril. Será enquanto “agência” que a rede fornecerá informações aos clientes e proporcionará um serviço de consultoria, organizando também test drives e a entrega do veículo, em coordenação com a Volkswagen. Mas já não terá de se envolver nas operações de financiamento nem na negociação do preço, que será tratado directamente pela marca, muito provavelmente online. A Alemanha vai servir de teste para este novo sistema de comercialização de veículos eléctricos.

Segundo Dirk Weddigen von Knapp, o responsável pela associação dos concessionários da Volkswagen e Audi, “este novo sistema permite que a rede, enquanto agência, receba a mesma compensação, adquira o cliente o carro no concessionário ou online”. Pelo seu lado, o responsável pelas Vendas e Marketing da Volkswagen na Alemanha chama a atenção para o facto “de passar a ser a marca ter o contacto primordial com o cliente, assumindo as relações contratuais directamente com o comprador, enquanto os concessionários se envolvem no negócio como agentes”.