O PCP defendeu esta sexta-feira que o desenvolvimento da rede de Metro do Porto “não precisa de mais estudos, mas de vontade e decisão política”, acusando o Governo de “propaganda e hipocrisia” e de querer “apagar compromissos anteriormente assumidos”.

O necessário desenvolvimento da rede Metro do Porto não precisa de mais estudos, precisa de vontade e decisão política. Desde 2008 que o governo tem o compromisso com a Área Metropolitana de construir cinco linhas. Não precisa de novos estudos, precisa decidir construir e disponibilizar as verbas necessárias”, alerta a Direção da Organização Regional do Porto (DORP) do PCP, em comunicado, a propósito do protocolo esta sexta-feira assinado entre o ministro do Ambiente, a Metro do Porto e vários autarcas da Área Metropolitana do Porto (AMP).

Para o PCP, está em causa “mais um episódio de propaganda e hipocrisia política”, no qual “o governo procura apagar as suas responsabilidades com a região e os compromissos anteriormente assumidos”.

“Quando o Ministro do Ambiente anuncia a disponibilidade de 860 milhões de euros (“620 milhões de euros para a rede Metro e 240 milhões de euros para MetroBus”) está, na prática, a faltar aos compromissos do governo com a região”, acusa o PCP.

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O PCP lembra que as cinco linhas “prioritárias” estão definidas “há mais de uma década” e “apenas precisam de decisão política para que sejam concretizadas”.

Em causa, diz o PCP, está o prolongamento do metro até à Trofa, “a partir do ISMAI e devolvendo o transporte a estas populações que há mais de 17 anos ficaram sem o comboio”. A esta, soma-se a “linha de Valbom, com ligação ao centro de Gondomar a partir de Campanhã, perspetivando uma ligação futura a Fânzeres e criando uma rede circular com a linha Laranja”.

Na lista do PCP surge ainda a “linha do Campo Alegre, unindo as estações atuais de São Bento e de Matosinhos Sul” e a linha das Devesas, “a partir da Casa da Música e perspetivando a ligação com a linha do Campo Alegre e a linha Amarela em Vila D`Este”. Isto, explicam, para a “criando uma ligação circular entre Gaia e o Porto”.

O PCP cita ainda a “ligação a São Mamede de Infesta, a partir da atual estação Pólo Universitário, perspetivando a ligação futura a Matosinhos Sul e criando uma ligação circular entre Matosinhos e o Porto”.

Por último, refere a “ligação à Maia, a partir do Hospital São João, perspetivando a junção com a linha do Aeroporto na estação Verdes, criando uma ligação circular com a cidade da Maia”.

Quanto aos “alegados entendimentos de bastidores quanto às linhas a construir”, o PCP “considera que seria inaceitável que os investimentos a realizar na região fossem submetidos a qualquer arranjo partidário”. “O que precisamos não é de um entendimento entre dois ou três concelhos geridos por autarcas de um determinado partido político. O que a região precisa é de um calendário de concretização destas linhas, sem exclusões”, afirmam.

O ministro do Ambiente garantiu esta sexta-feira aos autarcas da Área Metropolitana do Porto que os estudos vão ser feitos “de forma completamente transparente e com o maior rigor técnico”. A garantia não impediu a presidente da Câmara de Vila do Conde, Elisa Ferraz (PS), de lamentar o protocolo “feito à pressa” e o autarca da Trofa, Sérgio Humberto, de lembrar que a linha de metro daquele concelho já foi alvo dos “estudos todos”, sendo uma promessa com 18 anos, feita por dali terem retirado a linha de comboio. Os autarcas lamentaram ainda que o tema não tenha sido discutido nas reuniões da AMP.

O presidente da Câmara de Espinho disse na quinta-feira estar instalado um clima de “mal-estar e desconfiança” no Conselho Metropolitano do Porto, devido à “discriminação” de certos municípios e decisões tomadas “por baixo da mesa”, acrescentando recusar participar na cerimónia de hoje.

A Área Metropolitana do Porto e o Governo vão avançar com os estudos de viabilidade económica em sete linhas do metro do Grande Porto, cuja expansão será decidida até ao final do ano.

O protocolo para consolidação da expansão da rede de metro no Grande Porto e metro bus vai ser assinado na sexta-feira pelo Ministério do Ambiente e Ação Climática, a Metro do Porto, a AMP e pelos municípios diretamente envolvidos: Gondomar, Maia, Matosinhos, Porto, Póvoa do Varzim, Trofa, Vila do Conde e Vila Nova de Gaia.

Em causa estão cerca de 860 milhões de euros do Plano Nacional de Investimento (PNI) 2030, cujo futuro, desafiava em janeiro o ministro do Ambiente e da Ação Climática, João Pedro Matos Fernandes, devia ser decidido pelos municípios.

Destes 860 milhões, cerca de 620 milhões de euros destinam-se à consolidação da rede do Metro do Porto e 240 milhões de euros para o desenvolvimento de sistemas de transportes coletivos, verbas que deverão ser executadas entre 2021 e 2030.