A Iniciativa Liberal criticou esta quarta-feira o “socialismo distraído” do PS em relação à justiça, recusando a escolha do ex-secretário de Estado socialista Vitalino Canas para o Tribunal Constitucional (TC), cujos nomes são escolhidos pelo “Bloco Central da distração”.
O deputado único da Iniciativa Liberal, João Cotrim Figueiredo, decidiu intervir nas declarações políticas desta quarta-feira, uma intervenção que lhe valeu duras críticas da bancada do PS que, pela voz da deputada Isabel Moreira, o acusou de fazer uma “declaração indigna” e de “chico esperto populista”.
Nós já tínhamos o socialismo utópico, o socialismo científico, o socialismo democrático. Acho que temos agora o socialismo distraído. Os socialistas distraídos fingem que nada veem e nada sabem no que toca à justiça”, condenou o liberal.
Cotrim Figueiredo acusou ainda o “Bloco Central da distração” de cozinhar “a forma como os juízes do Tribunal Constitucional são eleitos”, um sistema em que “os juízes são nomeados pelo PS e PSD como estes bem entendem”, defendendo que esta forma de escolha “tem de acabar”, prometendo para isso avançar com uma proposta sobre a eleição destes juízes.
É que o Bloco Central acha que deita os foguetes e os outros partidos que se resignem. Não contem connosco para apanhar as canas. Nós recusamos o nome de Vitalino Canas para o Tribunal Constitucional e saudamos todos os partidos que já assumiram idêntica posição publicamente”, afirmou.
Para o deputado da Iniciativa Liberal, “é impensável que alguém que foi porta-voz do Governo de Sócrates, deputado do Partido Socialista e secretário de Estado de Guterres possa ocupar o lugar de juiz do Tribunal Constitucional”.
O cargo tem demasiada relevância institucional e requer demasiada independência para permitir tanta proximidade em relação à política partidária e tanta porta giratória. Para mais, é público que a pessoa em causa é amiga de José Sócrates e sabe-se que não é improvável que a Operação Marquês possa, no futuro, vir a ser apreciada pelo Tribunal Constitucional”, avisou.
Na perspetiva do deputado liberal, estes e outros sinais mostram que se está a voltar “a um tempo em que o Partido Socialista se confunde com o Estado e o Estado com o Partido Socialista”.
Continuaremos de olhos bem abertos ao levantar a voz contra a hipótese da ida de Mário Centeno para governador do Banco de Portugal, mesmo que o PSD não o faça”, adiantou.
Para João Cotrim Figueiredo, “ao não denunciar este assunto, Rui Rio e o PSD alinham com os socialistas mais distraídos, um Bloco Central da distração que não vê mal nenhum em nada disto”.
O primeiro pedido de esclarecimento sobre esta intervenção veio do outro deputado único, André Ventura, do Chega, que felicitou o deputado liberal pelo tema e considerou “socialismo distraído uma ótima expressão”. Para André Ventura, “esta ‘venezuelização’ do regime é preocupante”, considerando que com as últimas notícias que têm vindo a público talvez se comece “a perceber um bocadinho os contornos da saída da antiga procuradora-geral da República”.
Seguiu-se Isabel Moreira, para quem “o aplauso” que João Cotrim Figueiredo tinha acabado de ter “mostra bem a falta de dignidade da sua intervenção”, que foi “lamentável a vários níveis”, uma “intervenção de chico esperto populista”.
O senhor deputado está fora do quadro constitucional português. (…) Essas paragonas de que a justiça está muito mal, está tudo muito mal, senhor deputado não tem base real e francamente foi uma declaração indigna”, acusou.