A Landing.Jobs, uma startup portuguesa que gere uma plataforma de recrutamento online para o setor das tecnologias de informação, levantou dois milhões de euros numa série A (a primeira grande ronda de investimento). Por detrás desta aposta está o grupo português LC Ventures e o investidor alemão Jacobo UG Investment.
Este montante levou a empresa a fazer um exit (sair) da Portugal Ventures, que, em 2015, tinha investido com a LC Ventures 750 mil euros no projeto. Agora, a Landing.Jobs olha para a expansão geográfica e num foco maior num tema que tem estado na ordem do dia por causa da nova estirpe do coronavírus, “o trabalho remoto” [trabalhar-se sem ter de ser estar no local de trabalho].
Ao Observador, Pedro Oliveira, cofundador da Landing.Jobs, assume que “esta série devia ter sido mais cedo”. Contudo, como “o plano de expansão internacional foi completamente mudado por causa do Brexit [a empresa estava a tentar expandir no Reino Unido]” em 2016, não aconteceu. Foi um “momento de aprendizagem”, diz. Agora, com este montante, o responsável da startup — juntamente com José Paiva, que é o presidente executivo da empresa –, afirma que o objetivo é apostar num crescimento que “suporte a expansão geográfica”. Para onde? “O interior do país”, como “no Fundão”, e cidades litorais como “Peniche, Sagres e Setúbal”.
Para celebrar este investimento, a empresa vai inaugurar oficialmente esta quinta-feira os novos escritórios em Lisboa, na Rua Braamcamp, n9. Pedro Oliveira lembra que este foi o mesmo local de onde saíram os primeiros cravos na revolução do 25 de Abril, de 1974. A história de “Celeste dos Cravos” (Celeste Martins Caeiro), a mulher que deu os primeiros cravos aos militares no dia da Revolução, “isso começou aqui”, refere Pedro. E continua: “Gosto de acreditar que não é uma mera coincidência”.
Não ficam por aqui [nos novos escritórios] as revoluções a sair da Landing.jobs para o mundo. A tecnologia vai revolucionar, e muito, a forma como trabalhamos. E a Landing.Jobs vai ser o instrumento para revolucionar milhares de carreiras e futuros”, promete Pedro Oliveira.
Além da aposta em Portugal, que estará “assente em Lisboa e no Porto”, a empresa quer continuar a “expandir para outros países”, uma ambição que tem sido referida desde 2019. Na Europa, Pedro Oliveira diz que o objetivo é continuar a trabalhar com empresas, e pessoas que queiram trabalhar com estas em “Espanha, na Alemanha, na Holanda, no Reino Unido e na Suíça”. Nesta aposta além fronteiras, Pedro Oliveira refere ainda que a Landing.Jobs quer expandir para os EUA e Canadá. Tudo isto “também a ligar ao interior [de Portugal]”. Com os serviços que a startup disponibilizar “uma empresa de Boston pode investir em Lisboa, no Porto, ou em Tomar também”, refere Pedro Oliveira.
Com a expansão, a Landing.Jobs quer também “assegurar o papel de Portugal como centro tech da Europa e um dos centros mundiais do Remote Working [trabalho remoto]”. Desde 2014, a startup já ajudou a estabelecer “dezenas” de equipas de trabalho remoto para empresas como a Sky, Daimler e Volkswagen “e pretende continuar a fazê-lo atraindo profissionais internacionais para trabalhar a partir de Portugal”, diz a Landing. Jobs.
Atualmente, a empresa está a trabalhar em “várias parcerias” para facilitar formas de trabalho remoto. Contudo, como diz Pedro Oliveira, há também outra ambição para a Landing.Jobs: “Ajudar as empresas muito mais na retenção, não só no recrutamento”. Isto, ao mesmo tempo que expandem “o leque de ofertas”.
Não vamos resolver o futuro do trabalho, mas espero que possamos contribuir muito positivamente e com mais liberdade para o indivíduo”, refere Pedro Oliveira.
Com uma série A fechada, Pedro Oliveira já olha para uma série B, mas não diz para quando. A equipa, que agora tem 52 pessoas, deve crescer para 60 até ao final do ano. “Não acreditamos em contratar pessoas loucamente. Acreditamos em produtividade e preferimos fazer as coisas com mais calma”, diz.
O “Landing.Festival” passa a ser o “Future.Works Lisbon Tech Conference 2020”
A conferência tecnológica e de carreiras que a Landing.Jobs criou, o Landing Festival, mudou de nome para “Future.Works”. “Já não faz sentido ser uma feira de empregos”, diz Pedro Oliveira. “Tivemos de mudar o conceito”, continua, afirmando que o objetivo destas conferência é ser “estilo Web Summit, mas focado no conteúdo”. O evento vai ter como propósito “falar sobre como [as empresas] se têm adaptado a processos, projetos e ambientes cada vez mais dinâmicos, em que a única certeza é o ritmo acelerado da mudança. E como isso vai ao encontro da tendência de as pessoas procurarem melhor qualidade de vida, com horários e locais de trabalho cada vez mais flexíveis”.
Landing Festival chega a Berlim e paga viagens a 200 pessoas
Para já, está confirmada a presença da Sky, Daimler e Volkswagen, clientes da Landing.Jobs. O “Future.Works Lisbon Tech Conference 2020” decorre de 29 a 30 de maio. Em 2019, o Landing.Festival contava com mais de 1.500 participantes.
A Landing.Jobs foi criada por José Paiva e Pedro Oliveira em 2014. Atualmente, a startup gere uma plataforma de recrutamento online para o setor das tecnologias de informação com o mesmo nome, e a Landing.Works, um projeto também focado em profissionais de tecnologia, mas numa vertente diferente: pretende facilitar a interação direta entre contractors (pessoas que têm a sua própria entidade e trabalham com apenas um cliente, a tempo inteiro e durante alguns meses ou mais do que um ano, diferente de um freelancer) e empresas.