Vão entrar num mercado onde ainda não tinham chegado e querem acabar com o “comboio de intermediários” a que muitas vezes as empresas têm de recorrer para determinados serviços e projetos. A Landing.jobs, startup portuguesa que desenvolveu uma plataforma de recrutamento online para o setor das tecnologias de informação, vai lançar um novo produto: a Landing.work.

À semelhança da plataforma de recrutamento que a startup já possui — onde combina as oportunidades de emprego com o perfil do candidato mais adequado –, este novo projeto também se foca nos profissionais de tecnologia, mas numa vertente diferente: pretende facilitar a interação direta entre contractors (pessoas que têm a sua própria entidade e trabalham com apenas um cliente, a fulltime e durante alguns meses ou mais do que um ano, diferente de um freelancer) e empresas (neste caso, os clientes). O que é que isto significa? Que, por um lado, os contractors têm uma ligação mais direta e uma maior flexibilidade na escolha das empresas com quem querem trabalhar e, ao mesmo tempo, as empresas entram em contacto com os talentos considerados adequados para determinado trabalho.

Segundo Pedro Oliveira, responsável pelo projeto, o facto de a nova plataforma ajudar a acabar com a intervenção dos vários intermediários, como empresas de staffing outsourcing, vai permitir que o contractor possa investir mais tempo na sua carreira, uma vez que a gestão do cliente é apoiada e assegurada pela plataforma e, ao mesmo tempo, permite poupar custos associados aos intermediários. “Muitas vezes o contractor pode investir 25% do seu tempo na gestão do cliente, em encontrar clientes e fazer vendas. Nós retiramos essa percentagem e esses 25% podem ser investidos por ele a trabalhar”, acrescenta o também cofundador da Landing.jobs.

Esta nova plataforma online será lançada em outubro deste ano para quem efetuou o pré-registo e apresentada oficialmente em janeiro do próximo ano. O processo da Landing.Work funciona da seguinte forma: o contractor inscreve-se e é iniciada a sua avaliação e seleção, onde serão feitos testes técnicos específicos de cada área profissional, uma validação de capacidades interpessoais (soft skills), testes de conhecimentos de inglês e também uma verificação das suas referências. De seguida, e caso seja, aceite, o contractor é integrado na comunidade e pode candidatar-se a qualquer projeto que seja adequado ao seu perfil. “Esta plataforma é, na prática, um matching de empresa com empresa, mas neste caso é uma empresa unipessoal que tem um trabalhador”, acrescentou Pedro Oliveira ao Observador.

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A Landing.Work vai também atuar ao nível da mediação de pagamentos, no sentido em que garante que “mesmo que um cliente falhe um pagamento, o dinheiro chega na mesma ao contractor“. “E tudo isto é digital, sem ineficiências, rápido e sai mais barato para os dois lados porque eliminamos o tal comboio de intermediários”, sublinha o responsável, acrescentando que o “matching” entre clientes e contractors vai aproveitar todo o conhecimento que a Landing.jobs tem vindo a absorver desde 2014, altura em que foi lançada.

Mas, porquê lançar uma plataforma deste género? Pedro Oliveira aponta um motivo em especial: apesar de ser um mercado diferente daquele a que a startup está habituada a trabalhar, é “um mercado que precisa urgentemente de uma solução destas”. “As pessoas não têm noção da quantidade de dinheiro que está a ser deixado em cima da mesa por entidades”, atira.

Passamos de um estado de monogamia profissional, onde as pessoas tinham sempre o mesmo trabalho, para poligamia profissional, onde mudam de trabalho várias vezes. Temos um mercado esquizofrénico e ineficiente e surgem novas formas de sermos pagos. E ser contractor é isso mesmo: é uma forma mais independente de trabalhar, mas ao mesmo tempo não deixamos de ser empregados de uma empresa. Acho que as empresas vão ter que se adaptar a estas novas formas e um desafio da Landing.Work vai ser precisamente fazer com que as empresas vejam isso, porque acho que o lado do talento já viram”, acrescentou Pedro Oliveira ao Observador.

A Landing.Work é um complemento desenvolvido pela mesma equipa que está na Landing.jobs, constituída atualmente por 40 pessoas e que pretende aumentar este número para 60 até ao final deste ano. Apesar de ainda não serem revelados nomes, a plataforma vai também contar com o apoio de vários parceiros, nomeadamente de aprendizagem e certificação e todo o apoio fiscal e legal é também garantido ao contractor. 

Um festival à porta e o desejo de expansão geográfica

Além do lançamento desta nova plataforma, a Landing.jobs tem ainda agendado para esta semana o Landing Festival, uma conferência tecnológica e de carreiras que vai decorrer em Lisboa nos dias 28 e 29 de junho. Este ano, o evento vai ter mais de 1.500 participantes e traz também algo relacionado com a Landing.work, uma vez que será dado um workshop — já esgotado — sobre os benefícios de se ser um contractor.

Ao todo, são mais de 70 speakers a subir ao palco do Centro de Congressos de Lisboa, onde estarão presentes mais de 40 empresas, entre elas a Oracle, Volkswagen, TripAdvisor, Pipedrive, EDP e Sky. “As pessoas vão a este festival para investir nelas próprias e, claro, há sempre uma componente de networking”, acrescenta Pedro Oliveira.

Sobre o futuro da Landing.jobs, o cofundador da startup refere que o foco está centrado na expansão geográfica — incluindo a entrada no Canadá — e também no fortalecimento dos países onde a startup já está presente, como Portugal, Alemanha, Espanha e, mais recentemente, a Holanda. “A nível de produto, pretendemos continuar a evolução, principalmente a nível do processo de avaliação, em tornar o matching cada vez melhor”, acrescenta.

Sobre receitas desde o lançamento, o responsável não avança com números, mas refere: “Somos sustentáveis. Até podemos crescer um pouco mais à nossa velocidade, mas sempre com a sustentabilidade no dia a dia e no horizonte. E também reinvestimos o lucro no próprio negócio”.