A Turquia espera chegar a um acordo com a União Europeia (UE) para resolver a crise migratória até 26 de março, disse esta terça-feira o chefe da diplomacia turca, após uma tensa reunião em Bruxelas na segunda-feira.
Se conseguirmos chegar a um acordo até 26 de março, este será colocado sobre a mesa na reunião de líderes europeus” a ser realizada nessa data, disse Mevlüt Cavusoglu numa entrevista à agência de notícias estatal Anadolu.
Cavusoglu parecia estar a referir-se à reunião do Conselho Europeu marcada para 26 e 27 de março.
Essas declarações ocorrem no dia seguinte à cimeira em Bruxelas entre o Presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e o responsável pelo Conselho Europeu, Charles Michel. Esta reunião foi convocada com urgência depois de a Turquia anunciar há duas semanas a abertura das suas fronteiras para a Europa para permitir a passagem de milhares de migrantes, causando tensão na fronteira com a Grécia.
Durante as discussões na segunda-feira, a UE e Ancara decidiram continuar as negociações sobre a questão da migração. Nesse contexto, Cavusoglu disse que se reuniria com o chefe da diplomacia europeia Josepp Borrell.
Na cimeira de Bruxelas na segunda-feira, a UE também pediu à Turquia que “honre os compromissos” resultantes de um acordo UE-Turquia concluído em março de 2016, que prevê a permanência de migrantes na Turquia, em especial em troca de ajuda financeira da Europa. Mas Ancara acusou a UE de não ter cumprido todas as suas promessas, principalmente em termos de financiamento.
Cavusoglu também disse esta terça-feira que o acordo de 2016 deve ser reavaliado à luz dos últimos desenvolvimentos na Síria, especialmente na província de Idlib (noroeste), onde quase um milhão de pessoas deslocadas pela violência estão na fronteira turca.
O Presidente Erdogan exorta regularmente os países europeus a apoiar financeiramente o seu projeto de construção de moradias permanentes em Idlib para realocar os deslocados e, assim, impedir uma nova onda de refugiados na Turquia, que já abriga 3,6 milhões de sírios.
Estamos prontos para trabalhar de forma construtiva, mas se tivermos de elaborar um roteiro, esperamos que a UE seja sincera”, disse esta terça-feira Cavusoglu.