Os três inspetores do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras suspeitos de matar um cidadão ucraniano no Aeroporto de Lisboa ficaram em prisão domiciliária, avança o jornal Público. O crime terá ocorrido no Centro de Instalação Temporária (CIT) do Aeroporto de Lisboa. Os três homens, de 42, 43 e 47 anos, foram detidos na manhã desta segunda-feira e foram presentes a interrogatório judicial, de onde saiu a medida de coação.

Três inspetores do SEF detidos por suspeita de homicídio de cidadão ucraniano no aeroporto de Lisboa

Na sequência do caso, o Ministério da Administração Interna determinou à Inspeção Geral da Administração Interna a abertura de um inquérito à Direção de Fronteiras de Lisboa do SEF e tanto o diretor como o subdiretor de fronteiras de Lisboa foram demitidos e alvo de processos disciplinares.

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Já o PSD questionou o Governo sobre o caso, tendo o grupo parlamentar do partido dirigido uma pergunta ao ministro da Administração Interna. O que os sociais-democratas pretendem saber, em primeiro lugar, é que instruções ou ordens especificas têm sido dadas ao SEF no que respeita ao procedimento de barramento de cidadãos ilegais que procuram entrar no nosso território.

Por outro lado, o PSD quer saber que razões ou factos concretos conduziram à demissão do diretor e do sub-diretor da Direção de Fronteiras de Lisboa do SEF e se na sala onde ocorreram os factos havia câmaras de vigilância. Por último, quer saber que procedimentos vai adotar o MAI (diferentes dos que vigoravam) no sentido de evitar situações semelhantes.

Em causa estará o alegado homicídio de um cidadão ucraniano que desembarcou no aeroporto de Lisboa, com um visto de turista, no dia 11 deste mês, vindo da Turquia. A notícia do crime foi revelada no domingo à noite pela TVI, que explica que o SEF barrou o cidadão ucraniano quando este tentava passar a alfândega para entrar em território português, decidindo que o homem deveria regressar à Turquia no voo seguinte.

O cidadão ucraniano terá reagido mal a este impedimento de entrar em território português — a TVI fala de um ataque epiléptico —, sendo levado pelo SEF para uma sala de assistência médica nas instalações do aeroporto, depois de ter passado por um hospital na cidade de Lisboa. Aí, de acordo com a TVI, inspetores do SEF tê-lo-ão torturado e agredido até à morte.

PJ suspeita de homicídio de cidadão ucraniano no aeroporto de Lisboa

O corpo do homem só foi encontrado na manhã seguinte e, segundo os registos da PJ, foi encontrado deitado no chão, de barriga para baixo, algemado e com sinais de agressões violentas. Segundo a TVI, os inspetores do SEF nunca chamaram a PJ.

O SEF confirma que a 12 de março ocorreu “o óbito de um cidadão estrangeiro” no “Espaço Equiparado a Centro de Instalação Temporária (EECIT) do Aeroporto de Lisboa” e que a morte foi comunicada de imediato ao DIAP de Lisboa e à Inspeção Geral da Administração Interna (IGAI).

O organismo diz ainda que está “tomou de imediato as medidas previstas em sede disciplinar”. Os três inspetores que tinham o cidadão ucraniano à sua guarda são os principais suspeitos do crime e podem arriscar uma pena de prisão de até 25 anos por homicídio qualificado. O crime está a ser investigado pela PJ, que já apreendeu as imagens de videovigilância que registam os acessos à sala onde o homem foi encontrado morto.