O número de novos casos confirmados de infeção pelo novo coronavírus só no estado norte-americano de Nova Iorque foi superior aos novos casos registados nas últimas 24 horas em Espanha, o país europeu com maior crescimento neste parâmetro. E o número de mortes anunciado esta sexta-feira é superior a todas as vítimas registadas nos primeiros 27 dias de março.
O governador Andrew Cuomo confirmou que o estado de Nova Iorque chegou aos 102.863 casos de Covid-19, mais 10.482 do que os números anunciados na quinta-feira (Espanha teve uma subida de 7.472). Houve ainda 397 mortes, elevando o número de vítimas mortais só em Nova Iorque para 2.935.
Neste momento, 45% de todas as mortes registadas nos Estados Unidos por causa do novo coronavírus foram contabilizadas em Nova Iorque. Por outro lado, lembrou o governador nova-iorquino, o número de novas entradas nos hospitais por outros problemas de saúde baixou significativamente.
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Em conferência de imprensa, Andrew Cuomo anunciou que vai assinar um decreto que permitirá ao estado utilizar o material médico de instituições que não o está a utilizar em hospitais que precisem deles para combater o surto de Covid-19 em Nova Iorque.
“As instituições vão receber o ventilador de volta ou então serão reembolsadas para comprar um novo. Se não receberem o ventilador de volta, dou-vos a minha palavra de honra em que lhes vou pagar por ele”, disse o governador, prometendo: “Não vou deixar ninguém morrer por não termos redistribuído ventiladores”.
Porquê? Não há tanto trânsito, por isso também não há tantos acidentes. E as taxas de criminalidade baixaram, diminuindo assim o número de casos de trauma físico que chega aos hospitais, resumiu Cuomo aos jornalistas esta sexta-feira.
A situação em Nova Iorque está ainda mais grave porque um em cada seis agentes da polícia estão infetados ou em quarentena por suspeitas de infeção. Os 36 mil agentes que continuam no ativo queixam-se de estarem mais preocupados do que nunca no momento de fazer uma simples detenção: “Num dia normal é stressante. Agora penso que não se pode imaginar um pior momento do que este”, disse Dermot F. Shea, comissário da polícia.
A Associação de Diretores de Funerárias de Nova Iorque também avisou que, à conta do crescimento galopante no número de mortes no estado norte-americano, as casas funerárias estão a ficar sem espaço.
Em entrevista à CNN, Michael A. Lanotte, o diretor da associação, informou que “desde a tarde de ontem há cada vez mais diretores funerários da cidade a dizer que alcançaram a capacidade máxima de ajudar famílias”: “O volume [de mortes] está a atrapalhar o processo, que leva tempo. Precisamos de armazenamento extra”, avisou.